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Estado de Minas INFLAÇÃO ESTOURA NO ESPETO

Carnes e gás de cozinha sobem bem acima do índice oficial em Belo Horizonte

No caso do frango, redução na oferta interna teria provocado a alta da carne


postado em 17/09/2013 06:00 / atualizado em 17/09/2013 06:44

Entre as carnes, a alta foi generalizada, puxada pelo frango inteiro resfriado(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Entre as carnes, a alta foi generalizada, puxada pelo frango inteiro resfriado (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A demanda firme e a redução da oferta de alimentos frequentes no prato do brasileiro, como o frango, estão fazendo o consumidor pagar mais caro pelo lazer, alimentação e para manter a vaidade em dia. Enquanto a inflação medida pelo IBGE deu mostras de alívio nos últimos três meses, acumulando alta de 3,43% em 2013, serviços como a manicure e o cabeleireiro e produtos como as carnes e o gás de cozinha dão fôlego extra ao dragão e já estão levando consumidores a mudar de hábito e frear o consumo. O resultado é que o tradicional churrasco entre amigos está mais caro. Mesmo que seja feito na chapa.

Pesquisa do site Mercado Mineiro mostra que, entre as carnes, a alta foi generalizada, puxada pelo frango inteiro resfriado, que acelerou no período 17%. O pernil suíno, também encareceu 8,13% e o contra-filé 3,25%. Se o alimento for preparado a gás, o consumidor deve se prevenir para incorporar ao orçamento o reajuste do combustível, de 5,99% no período.
Destaque da alta entre as carnes, o preço médio do frango inteiro passou de R$ 4,39 em junho e R$ 5,14 em setembro, reajuste de 17%. O gerente do açougue Xavier Carnes, Geraldo de Souza Machado, conta que mesmo com medo de perder o movimento, no último sábado precisou repassar o aumento para a clientela. "Reajustamos os preços de todos os tipos de carne: bovina, suína e de frango", explica. Ainda de acordo com ele, o preço dos cortes de frango tem aumentado semanalmente. A asa registrou alta de 5,6%, passando de R$ 8,95 para 9,45. Já o quilo do contrafilé era vendido a R$ 14,95, agora custa R$ 15,95, inflação de 6,7%.

A cuidadora de idosos Elenita Onofre de Queiroz gasta, em média, R$ 70 por mês no açougue. Ontem, ao fazer a compra, viu que a sacola saiu mais vazia. Para não pesar tanto no bolso e no cardápio da família, que sempre gosta de ter um tipo de carne na mesa, ela substitui os tipos mais caros por outros mais em conta. "Ia levar o contrafilé, mas preferi a alcatra, que sai R$ 1 mais barata. O valor parece pequeno, mas, no final da conta, faz muita diferença", comenta.

A alta no açougue também vai chegar às comemorações entre amigos, festas de aniversário e reuniões da empresa. Há 10 anos no mercado de churrascos, Rodrigo Noran conta que tem tentado segurar os preços, mas se prepara para promover um reajuste. Atualmente, o churrasco custa R$ 40 por pessoa. "No máximo no início de novembro, vou ter que aumentar esse valor”, calcula. Segundo ele, alguns cortes de carne chegaram a ter elevação de 40% nos últimos dois meses. “A coxinha e o coração de frango, por exemplo, dispararam".

Na rede de lojas Ponto do Espeto são gastos cerca de 300 quilos de carne por semana, entre bovina, suína e frango, e o rejuste é feito duas vezes ao ano. Raphael Cohen, proprietário das lojas, comenta que já sentiu no bolso o aumento das especiarias e do gás. A última alta no cardápio foi registrada há quatro meses. Agora, ele tenta administrar e reduzir o lucro lucro para não antecipar o reajuste e manter a clientela. "Quando reajustei da última vez, percebi que os clientes não ficaram satisfeitos. Eles reclamam e acabam não voltando", comenta.

Segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), a oferta de carne de frango foi reduzida em 2% este ano, enquanto o consumo do brasileiro continua firme, entre os mais altos do mundo – 45 quilos de frango por ano. O recuo na oferta provocou um reajuste médio de 20% no valor do produto ao longo desse ano.

Segundo Francisco Turra, presidente-executivo da Ubabef as exportações brasileiras de frango, de cerca de 4 milhões de toneladas ao ano, devem avançar 2% este ano, o que deve reduzir ainda mais a oferta no mercado interno.

OTIMISMO Roberto Piscitelli, economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) diz que a pressão dos serviços e dos alimentos devem desacelerar até o fim do ano. Ele aposta em uma inflação próxima ao percentual de 5,8% para este ano, dentro da meta do governo. "O efeito maior da expansão da renda já passou. A renda real média do trabalhador tem tido oscilações para baixo e o dólar também já começa a recuar. É possível que agora exista uma acomodação na pressão da demanda".

Francisco Turra diz que a oferta de frango reduziu e o que evitou alta mais forte do frango é justamente uma certa desaceleração na demanda interna, que deve permanecer estável até o fim do ano. Em 2010, por exemplo, essa demanda subiu 10%.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) diz que os preços do produto são livres em todos os elos da cadeia. "Não há tabelamento e, por isso, os preços sofrem variações para cima e para baixo de maneira não uniforme. As pressões por aumento de preços podem ser decorrentes de aumento de custos, como frete e pessoal, mas o mercado reage de forma independente", informou em nota.

Empresária conta que a alta dos preços fez com que ela diminuísse as idas ao salão(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Empresária conta que a alta dos preços fez com que ela diminuísse as idas ao salão (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Beleza também ficou salgada

Se arrumar para ir ao churrasco também fica cada vez mais caro. A inflação dos serviços pessoais, que incluem a manicure e o cabeleireiro, avançaram 6,49% no acumulado do ano, contra a inflação geral do país, de 3,43%. A pressão do custo de vida já está provocando uma mudança de hábito entre os consumidores. A empresária Luiza Jardim Lapertosa Laborne conta que a alta nos preços fez com que ela diminuísse as idas ao salão. Por mês, Luiza gasta cerca de R$ 400 nos cuidados com unha e cabelo. A manicure, que antes era semanal, passou a ser quinzenal e a selagem térmica no cabelo foi reduzida de três para duas vezes ao ano, fazendo sempre em casa. "Gasto a mesma quantia, mas indo menos vezes ao salão. Os preços estão cada dia mais altos. Na selagem que eu faço em casa, gasto R$ 150. Se fosse fazer no salão, gastaria o dobro", revela.

Alexandre Araújo, diretor da Feira Professional Fair, especializada em produtos de beleza, diz que a pressão da alta dos preços nesse setor vem da demanda, que ainda continua forte, especialmente entre consumidores das classes C e D, e do valor do aluguel. Para ele, a recente alta do dólar, que levou a moeda a flutuar próximo de R$ 2,40, não justifica a alta de preços. "Cerca de 80% dos produtos de beleza têm componentes nacionais".

No spa dos pés e mãos Água Marinha, os preços foram reajustados em janeiro. Os serviços de manicure e pedicure passaram de R$ 16 para R$ 18, uma alta de 12,5%. A proprietária do salão Márcia Batista explica que os gastos com material e aluguel são os que mais pesam na hora de calcular o reajuste. “O preço do material sobe todos os dias. Compro, em uma semana, a um preço e, na outra, já está muito mais caro”, comenta. Márcia relata que não tem como repassar todo aumento à clientela. "Seguro o máximo que posso e diminuo a margem de lucro. A qualquer aumento o cliente reclama, não gosta".

Pesquisa

O levantamento do Mercado Mineiro, que apurou preços em 28 salões de beleza de Belo Horizonte entre junho e setembro, revela acentuada diferença de custo final para o consumidor. Os serviços no segmento feminino podem apresentar variações de até 733,33%, como o corte feminino, que pode custar de R$ 15 a R$ 125. A hidratação varia de R$ 25 a R$ 150, ou 500%. O preço do chamado spa dos pés pode custar até 700% mais caro, dependendo do lugar, tendo o menor preço de R$ 15 e o maior de R$ 120. Para os homens, o "corte de cabelo" variou 900% na pesquisa, podendo custar de R$ 10 até R$ 100 e a barba, de R$ 5 a R$ 50. Os preços podem sofrer influência dos produtos utilizados e especialização do profissional. (FM e MC)


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