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Estado de Minas

Aliança do Pacífico avança rumo ao livre comércio, enquanto Mercosul estagna


postado em 22/05/2013 18:04 / atualizado em 22/05/2013 18:51

Os países da Aliança do Pacífico se reúnem a partir desta quinta-feira na Colômbia para continuar avançando a todo vapor para uma área de livre comércio, uma evolução que contrasta com a estagnação do velho Mercosul, corroído por barreiras comerciais e divergências quanto à agenda que desvirtuam seus objetivos, disseram analistas à AFP.

Os países da Aliança do Pacífico "compartilham princípios e valores", resumiu recentemente o presidente colombiano, Juan Manuel Santos. "Compartilhamos a fé na democracia, compartilhamos nossa crença na separação de poderes, nos direitos humanos, nas liberdades fundamentais e acreditamos nos benefícios do livre comércio, do investimento estrangeiro como gerador de empregos e na estabilidade nas regras do jogo", afirmou.

Enquanto isso, no Mercosul, fundado em 1991, "o que acontece hoje realmente impacta" e "gera um contraste" com a Aliança do Pacífico, disse à AFP o economista chefe da Fundação Centro de Estudos de Comércio (Funcex), Rodrigo Branco.

"O Mercosul passa por uma crise, isso é inegável", argumentou Branco. Isso acontece "principalmente por motivos políticos. Há problemas com a democracia e com a governança em geral. Principalmente, há problemas com a Argentina (...) que é um dos fundadores do bloco, mas também há problemas com a Venezuela", lembrou.

Na Argentina, o governo de Cristina Kirchner tem sérios problemas financeiros e na Venezuela, governo e oposição se enfrentam sobre o resultado das eleições vencidas pelo chavista Nicolás Maduro em abril. As diferenças na agenda econômica do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, desvirtuaram o objetivo inicial do Mercosul, opinou Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano de Washington, em entrevista à AFP.


"O Mercosul existe há mais de duas décadas e consiste em governos que não compartilham uma agenda comercial e econômica comum. Evoluiu para um projeto político que se separou de seu propósito original de criar uma união alfandegária", indicou.

A situação da Argentina, dependente de seu balanço comercial para se financiar, é para Branco a causa principal da redução do comércio no seio de um bloco que, em sua origem, buscava fomentar as trocas comerciais. "Existe um problema macro-econômico muito grande na Argentina (...) que é o principal sócio do Brasil dentro do bloco", explicou. A Argentina "não tem linhas de crédito internacionais. Isso levou (...) a uma fragilização do bloco, a uma queda generalizada do fluxo de comércio", afirmou.

Historicamente, recordou Branco, o Brasil exportava 10% de sua produção de bens e serviços para a Argentina, mas, nos últimos anos, a relação foi atingida por uma série de barreiras impostas por Buenos Aires às importações em geral, que significaram uma queda dessa porcentagem a 7 ou 8% para seu principal sócio do Mercosul.

A Aliança tem objetivos mais modestos que os do Mercosul e uma estrutura mais flexível. "A Aliança do Pacífico integrada por Chile, Peru, México e Colômbia está mais inspirada nos aspectos de livre comércio, de redução de obstáculos e quatro deles já negociam para ser incluídos na Parceria Transpacífica, que criará uma grande área de comércio" com a Ásia, disse à AFP, Roberto Sánchez, especialista em Comércio Internacional da Universidade Iberoamericana do México.

De fato, os membros deste bloco, formado um ano atrás, com um PIB conjunto de 1,9 trilhão de dólares, constituem as economias mais dinâmicas da região, com um crescimento médio conjunto de 5% em 2012 e acordos de livre comércio com alguns dos principais mercados mundiais como Estados Unidos ou União Europeia (UE).

Já o Mercosul, com um PIB conjunto de 3,3 trilhões de dólares, pena há uma década para definir um acordo comercial bloco a bloco com a UE. Neste contexto, e apesar de o governo de Dilma Rousseff não ver a Aliança do Pacífico como um competidor, a situação em geral preocupa o Brasil, explicou Branco. "Hoje já temos uma perda de participação no comércio com os países latino-americanos considerável", disse. "Cerca de 40% dos produtos manufaturados exportados pelo Brasil ia para América Latina e isso vem caindo".

Por outro lado, a Aliança do Pacífico está aproveitando as sinergias que surgem da própria conjuntura econômica de seus integrantes, explicou Branco. É um grupo "mais atrativo para os investimentos estrangeiros em comparação ao Mercosul, que tem um viés mais protecionista", disse Sánchez. "O Mercosul é um exemplo do que a Aliança do Pacífico não deve fazer, se quiser ter êxito em um continente infestado de fracassos", enfatizou o analista da Universidade do Chile, Ricardo Israel.

Na cúpula de Cali, a Costa Rica iniciará o processo de integração à Aliança, enquanto seus fundadores, que já possuem acordos de livre comércio bilaterais, buscarão entrar em acordo para a eliminação de obstáculos para 10% de outros produtos.


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