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Estado de Minas

Dólar segue como freio da inflação

Relatório indica que BC deve continuar atuando no mercado para a moeda permanecer estável e não pressionar preços


postado em 29/03/2013 06:00 / atualizado em 29/03/2013 08:18

Victor Martins e Rosana Hessel

Brasília – O Banco Central (BC) deve continuar usando o dólar como ferramenta para dar alívio ao custo de vida. Segundo informações divulgadas ontem pela autoridade monetária, a variação da divisa teve papel determinante na formação dos preços do país no ano passado, o que deve se repetir em 2013. Nos cálculos de Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica da instituição, a variação da moeda aumentou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 10,2%, ou seja, a inflação poderia ter ficado em 5,14% em 2012, em vez dos 5,84%, não fosse a alta da divisa.


Para este ano, de acordo com as projeções do BC, o repasse do dólar para os preços deve ser menor, entre 6% e 7%, e no sentido de reduzir o custo de vida. Apesar da sinalização da autoridade monetária de que continuará a usar a divisa para segurar os preços, o dólar fechou o pregão de ontem com alta de 0,52%, cotado a R$ 2,021 na venda. No mês, a divisa acumula alta de 2,19% e, no trimestre, queda de 1,29%. Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC deve continuar com essa estratégia por um longo período. “Ele segue em R$ 2 durante 2013, ainda mais pelo risco de inflação este ano”, disse.
Em um trecho do Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem, o BC destaca a importância da divisa para a formação de preços no país e afirma ainda que o dólar teve efeito “inflacionário em 2012, ao contrário do ocorrido em 2011”. “É possível que o repasse (do dólar) tenha sido mais intenso que em outras circunstancias. Parte disso pode ser atribuída ao ruído causado pelas discussões em torno das taxas de câmbio, quando parte do mercado projetava que o dólar poderia chegar R$ 2,30, R$ 2,50”, argumentou Carlos Hamilton.


O diretor ainda deixou claro, mais uma vez, que o BC irá intervir para impedir variações excessivas da moeda. “É razoável dizer que os agentes tenham levado em conta esse ruído (em 2012) e que não se confirmou. O BC tinha uma visão diferente sobre o câmbio. Isso foi comunicado ao mercado e a instituição tomou as ações que julgou necessária. Provemos liquidez para o mercado no fim do ano e isso trouxe certa acomodação”, argumentou. Não fosse a decisão da autoridade monetária de manter o dólar o mais estável possível, e caso a moeda se valorizasse mais frente ao real, analistas projetam que o IPCA poderia fechar o ano ao redor de 6,10%.


Enquanto o dólar subia ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) também operava no azul, fechou o dia com alta de 0,57%, aos 56.352 pontos. Apesar do desempenho positivo, não foi suficiente para virar o resultado do trimestre e a bolsa acumula perda de 7,43% — o pior desempenho para o período em 18 anos. Os prejuízos brasileiros, porém, não têm sido compartilhado por outras praças. Nova York, que encerrou o pregão de ontem com elevação de 0,36%, acumula no mês ganho de 3,73% e, no ano, de 11,25%. Com exceção de Tóquio, que subiu 18,67% em 2013, o mercado norte-americano apresenta um dos melhores desempenhos no ano puxado pela recuperação gradual da confiança no país.

 

Menos pressão de imóveis

Depois do crescimento expressivo nos preços dos imóveis observados nos últimos anos, o Banco Central vê a reversão dessas altas em 2013. Segundo o diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Hamilton Araújo, em praticamente todas as unidades da federação houve redução de preços dessas unidades, com exceção de São Paulo, que ainda apresenta elevação. Dados da instituição mostram ainda que o mercado arrefeceu nos últimos trimestres, com um menor número de casas e apartamentos financiados. Para o BC, esses preços menores irão contribuir para aliviar o peso do custo de vida no país neste ano.


Segundo Carlos Hamilton, a redução do preço dos imóveis deve chegar também ao valor das locações. “Aluguel no Brasil é indexado, mas no fim do dia o que decide o valor é o preço do imóvel. A gente nunca encontra o preço de quitinete igual ao de um quatro quartos”, ponderou o diretor. Em São Paulo, onde o valor dos imóveis continua a subir, o custo da locação também se elevou. De acordo com dados do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), apenas em fevereiro esses preços foram reajustados em 0,7%, em 12 meses, esse custo subiu 8,34%.


“A nossa expectativa é que a variação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) e do valor dos contratos novos de locação residencial sigam em linha (próximos) nos próximos meses”, avaliou Walter Cardoso, vice-presidente de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP. “Até uns meses atrás, os contratos novos subiam muito mais, o que prendia o locatário a contratos antigos”, disse. Segundo o representante da Secovi, pode ser interessante para o proprietário aceitar, em alguns casos, um reajuste menor que o IGP-M para manter um inquilino que paga em dia.


Além do preço dos imóveis, o BC pondera que os reajustes salariais também serão menores este ano. Na visão de Carlos Hamilton, o acordo entre governo e funcionalismo público, que garantiu aumento de 15% divididos por três anos, além da elevação real de apenas 1% no salário mínimo, vão contribuir para diminuir as pressões no custo de vida, sobretudo para arrefecer os preços dos serviços. (VM e RH)

 

 


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