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Estado de Minas

Cuidado ao parcelar a fatura do cartão


postado em 04/03/2013 06:00 / atualizado em 04/03/2013 07:30

Vera Batista

Brasília – Se você recebeu um simpático comunicado de seu banco oferecendo aquela “oportunidade imperdível” para o parcelamento da fatura do cartão de crédito, mesmo estando com as contas em dia, antes de tomar qualquer decisão faça uma análise detalhada. Não se encante com promessas de comodidade e conveniência. Os juros para o financiamento dos débitos podem encostar nos 4% ao mês ou 60% ao ano. Taxas nesse patamar só valem em caso de emergência, quando o orçamento já não comporta o pagamento integral do cartão e há o risco iminente de se recorrer ao extorsivo crédito rotativo, com juros médios de 10% ao mês ou de 213% anuais.


“Parcelar a fatura de cartão de crédito só é bom para aqueles que estão no limite, já não podem honrar mais os valores integralmente. É melhor pagar 4% de juros ao mês, em prestações fixas, do que ficar rolando a dívida a 10% mensais no crédito rotativo por um tempo indeterminado”, diz Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira e autor do livro Livre-se das dívidas. De qualquer forma, ele aconselha aos que optarem pelo financiamento da dívida em até 36 meses, como estão oferecendo os bancos, que negociem as taxas. O ideal, segundo ele, é que os encargos mensais sejam de, no máximo, 2%. Não se conseguindo esses juros, o melhor é buscar outra alternativa mais barata, como o crédito consignado, cujas prestações são descontadas diretamente no contracheque.


Independentemente das ofertas do mercado, os especialistas não têm dúvidas: o mais indicado, no caso dos cartões de crédito, é gastar apenas o que se pode pagar integramente nas datas de vencimento da fatura. Sabendo usar, o dinheiro de plástico é um parceiro importante para os consumidores, sobretudo quando o dinheiro do mês já está acabando. O problema é que boa parte das pessoas acaba transformando as facilidades em um tormento. Gastam além das possibilidades e, quando chega o dia do acerto de contas, os recursos disponíveis não são suficientes para o pagamento integral dos débitos. Não custa lembrar que, das famílias endividadas, 74% estão penduradas no cartão. De cada 100 brasileiros que usam essa modalidade de crédito, 30% já estão com as faturas atrasadas.

Situação dramática

São esses clientes mais “agressivos” que acabam se descontrolando no cartão e vivem rolando as dívidas mensalmente no rotativo, os alvos principais dos bancos. As instituições querem resolver os problemas antes que os débitos se tornem impagáveis e sejam obrigadas a lançá-los em seus balanços como prejuízos. “Quem se descontrolou e está em situação dramática, é melhor fugir do rotativo e aceitar o parcelamento, com valor fixo. É um produto muito interessante, nesse particular”, assegura o educador financeiro Jurandir Macedo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No Bradesco, os juros para os parcelamentos de faturas são de 3,70% ao mês e de 52,96% ao ano. No Itaú, de 2,85% e 40,76%, respectivamente. O Banco do Brasil tem duas linhas: pelo Pagamento Parcelado da Fatura o cliente pode dividir o saldo devedor em até 12 vezes; pelo Crédito Parcelado Cartão (CDC), em até 36 vezes. Em ambos o casos, a taxa mínima é de 1,94% ao mês (25,93% ao ano), se o cliente aderir ao Serviço de Assessoria Financeira, e a máxima, de 3,88% mensais (57,90% anuais). Sem a adesão, os juros sobem para até 3,99% ao mês (59,92% anuais). O pagamento mínimo é de R$ 10.


Para os que aceitam dividir os débitos, é importante lembrar que o limite de crédito do cartão ficará comprometido, sendo liberado à medida que as parcelas forem sendo pagas. É uma forma de se evitar o superendividamento e, como destaca Reinaldo Domingos, um caminho importante para se fazer um faxina na finanças. “Aquele devedor que trocou o débito caro por um mais barato não pode fazer a operação virar vício. Cada um tem que viver dentro de seu orçamento. O brasileiro conserva um péssimo hábito: primeiro faz a dívida, depois chora”, acrescenta Antonio de Julio, consultor da MoneyFit Inteligência Financeira.


Para José Carlos Abreu, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), se o devedor do cartão entrou ou está prestes a entrar no crédito rotativo, pagando sempre o mínimo de 15% exigidos, ou foi incluído na lista de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), não há o que discutir: o parcelamento da fatura pode ser um bom negócio. “A vida de quem está com nome sujo é penosa. Dependendo do tamanho da dívida, o banco pode penhorar os bens. Se chegar a esse ponto, informe suas dificuldades ao credor e procure apoio jurídico. Caso, eventualmente, seja preciso pegar outro empréstimo, leia o contrato. Depois de concordar com as regras, não tem mais jeito de reclamar”, reforça.


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