Itaú aposta no crédito em 2013

Depois de um ano marcado por empréstimos bancários mais seletivos e indicadores crescentes de inadimplência, o Itaú Unibanco, maior banco privado do país, definiu como estratégia para 2013 aumentar a oferta do crédito, sinal de um cenário melhor ante um 2012 desafiador, como definiu o presidente da instituição, Roberto Setubal. Diferentemente do resultado observado por outros bancos, o Itaú anunciou na terça-feira a redução, embora modesta, de 0,3 ponto percentual de outubro a dezembro, na comparação com o trimestre anterior, do índíce de inadimplência medido pelos créditos vencidos há mais de 90 dias, que atingiu 4,8%. Nas operações de curto prazo, vencidas entre 15 e 90 dias, o calote cedeu 0,6 ponto percentual, alcançando 3,6% no período analisado.

Os números indicam melhora para os próximos meses, na análise do resultado divulgado pelo Itaú Unibanco. As despesas com a provisão de créditos de liquidação duvidosa diminuíram 4,3% no quarto trimestre, frente ao anterior, num bolo de R$ 5,7 bilhões. “Temos boas perspectivas para 2013, que deverá ser um ano melhor no mundo e no Brasil. O perfil do crédito está mudando muito e as carteiras de consignado e imobiliário continuarão avançando significativamente”, afirmou Roberto Setubal. A perspectiva de crescimento do crédito entre 11% e 14%, frente à expansão de 9% no ano passado, está em linha com as projeções dos analistas de mercado.

O analista do setor de bancos da agência classificadora de risco Austin Rating Luiz Miguel Santacréu observou que será um crescimento modesto, mas ainda assim superior ao que vários bancos, inclusive o Itaú, já haviam publicado em suas análises. A economia brasileira já viu no passado expansões de 20% a 25%. “Com as taxas de juros mais baixas, os bancos vão precisar aumentar o volume de crédito como forma de compensar os juros, mas isso não é uma corrida de 400 metros. Eles vão continuar cautelosos”, avalia.

Recursos e solidez para reforçar o crédito não serão problema, apesar dos lucros menores das instituições no ano passado. O Itaú Unibanco encerrou 2012 com resultado líquido de R$ 13,6 bilhões e retorno sobre o patrimônio líquido médio de 19,4%. O lucro líquido mingou 7% em relação à quantia do ano passado (R$ 14,621 bilhões). A inadimplência prejudicou a rentabilidade, fenômeno observado no setor como um todo, mas os lucros em valores nominas continuaram muito altos, destaca o analista Miguel Santacréu, e não têm qualquer caráter de preocupação do ponto de vista de riscos.

Qualidade

A melhora nos índices de inadimplência divulgados pelo Itaú Unibanco foi destacada pelos analistas do BES Securities. Gustavo Schroden e Mateus Renault. Eles observaram que foi a única grande instituição a captar nos resultados melhoria significativa da qualidade de seus ativos no quarto trimestre de 2012. O ativo total do Itaú Unibanco passou de R$ 1 trilhão em 31 de dezembro, com elevação de 19,2%. Em recursos próprios, a instituição registrou R$ 1,4 trilhão.

Conforme o balanço do ano passado, a carteira de crédito ajustada – que inclui avais, fianças e títulos privados – cresceu 9% em comparação a 2011, somando R$ 449,2 bilhões. À exceção dos empréstimos para a compra de automóveis, a variação alcançou 13% no período analisado. Em relação à sociedade firmada com o BMG para atuação com crédito consignado, o Itaú Unibanco informou que em dois anos pretende atingir aproximadamente R$ 12 bilhões de carteira e 3 milhões de clientes.