Australiana vai destinar até R$ 300 milhões para extrair minério de ferro em Minas

Depois do Norte de Minas Gerais, o Vale do Rio Doce surge como mais uma fronteira da mineração no estado, inaugurando o portfólio de projetos do setor esperado para este ano. A empresa de capital australiano Centaurus Brasil Mineração firmou acordo com o governo estadual para destinar até R$ 300 milhões ao Projeto Jambreiro, de exploração de minério de ferro de baixos teores em São João Evangelista, pequeno município a 36,7 quilômetros de Guanhães, cidade polo da região. Se o orçamento parece modesto, a importância do empreendimento está no avanço da atividade em direção a áreas com potencial, mas que ainda não haviam sido desbravadas.

Os investidores australianos tornam-se pioneiros em terras mineiras onde já foram descobertas jazidas de ferro com baixos teores, mas ainda estavam intocadas e começam pelo estado um plano maior para o Brasil. O diretor-geral da Centaurus, Darren Gordon, informou ao governo que a intenção da empresa é desenvolver empreendimentos visando tanto o mercado doméstico quanto as exportações. O projeto para São João Evangelista, que está em fase de licenciamento ambiental, vai atender à demanda da indústria siderúrgica brasileira, com investimentos iniciais de R$ 227,1 milhões.

A mineração, especialmente do ferro, deverá manter em 2013 participação de destaque nos investimentos que o governo mineiro pretende atrair, como ocorreu no ano passado, avalia Paulo Sérgio Machado Ribeiro, subsecretário estadual de Desenvolvimento Mínero-Metalúrgico e Política Energética. Os preços das commodities minerais (produtos básicos com preços cotados no mercado internacional) estão se mantendo em níveis razoáveis de competitividade para as empresas, diz.

Apesar do ritmo mais baixo de crescimento econômico da China, maior consumidor do minério de ferro explorado em Minas e no Brasil, os preços da matéria-prima foram recuperados. A cotação média do produto iniciou janeiro na faixa dos US$ 150 por tonelada, vencendo um período de forte turbulência no segundo semestre de 2012, quando chegou a menos de US$ 100 por tonelada, assustando os analistas do setor.

Investimentos de peso 

Os projetos na área de mineração responderam por quase metade das cifras de intenção de investimento anunciadas para Minas Gerais de janeiro a setembro do ano passado. O balanço parcial de 2012 (janeiro a novembro) indicou 158 protocolos de intenção de investimentos, orçados em R$ 17,4 bilhões e com a perspectiva de gerar 26.821 empregos diretos no estado. A Centaurus se comprometeu com o governo mineiro a treinar e absorver mão de obra local no seu projeto. Os direitos minerários foram adquiridos pela companhia da Cenibra, fabricante mineira de celulose branqueada de eucalipto que exporta praticamente toda a sua produção de Belo Oriente.

Com base no acordo, a Centaurus vai extrair minério pobre, do tipo itabiritos, com teor de 27% de ferro, que serão tratados numa planta industrial de tecnologia avançada capaz de elevar esses teores à faixa de 65%, alta qualidade aceita entre os clientes do setor. As obras de implantação do Projeto Jambreiro deverão começar até junho, com estimativa inicial de produção de 2 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. No site da mineradora são mencionados outros dois projetos de exploração de minério de ferro, batizados de Itambé e Passabem.