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Estado de Minas

Carência de energia no Brasil desperta interesse da China


postado em 09/01/2013 06:00 / atualizado em 09/01/2013 07:29

Pequim — Os sucessivos apagões e o risco de racionamento no Brasil deixam a China ainda mais interessada em investir no setor elétrico brasileiro. Não por acaso, o país foi escolhido pela segunda maior economia do mundo como principal alvo de sua expansão internacional nessa área. Por meio de sua State Grid Corporation — maior empresa de serviço público do mundo —, o gigante asiático quer vender conhecimento e equipamentos, sobretudo para a combalida área de transmissão, além de participar como investidor direto e concessionário de grandes projetos de infraestrutura.


A China superou os Estados Unidos em produção e consumo de eletricidade, com o impressionante número de 1,2 bilhão de kilowatts/hora (KWh) de capacidade instalada, e prepara-se para liderar também em inovação de transporte seguro de elevadas cargas elétricas, gestão de redes inteligentes e domínio de fontes renováveis.

Apesar da larga diferença de patamar do sistema chinês, nove vezes maior que o brasileiro, o interesse da State Grid no país está baseado nas oportunidades de novos negócios e na exploração das semelhanças entre os desafios elétricos de ambos os países. “Encaramos a mesma realidade de ter as unidades geradoras concentradas em uma região distante dos principais centros de consumo, o que exige aplicação de muitos recursos e esforços para conter perdas no transporte”, comentou o presidente da subsidiária brasileira, Cai Hongxian.

Ele promete relação duradoura com o país, lembrando que uma prova disso foi sua empresa ter comprado logo de início o moderno e vistoso prédio de sua sede, no Centro do Rio de Janeiro, por R$ 200 milhões. Sua única queixa é a burocracia para regularizar a situação dos poucos empregados chineses na operação local, incluindo a sua própria, que levou mais de um ano. “Queremos ser parceiros do Brasil, seguir com rigor as diretrizes dos órgãos reguladores e não estimular a competição interna do setor”, acrescentou Sun Jinping, diretor de investimentos da matriz da State Grid.

Segundo ele, a expansão do sistema de eletricidade em seu país, junto com o reforço à sua estabilidade, são condizentes com o ritmo acelerado da própria locomotiva chinesa. A internacionalização, por sua vez, é uma etapa esboçada nos últimos anos e do qual o Brasil é o maior trunfo. O grupo empresarial se instalou aqui há dois anos, quando comprou linhas da Plena Transmissora, por cerca de US$ 1 bilhão. Em maio, realizou uma segunda aquisição, com a compra dos ativos no país da espanhola ACS. Também já disputou e venceu lotes de transmissão e de subestações.

A estatal vai buscar oportunidades no mercado brasileiro nas áreas de transmissão, geração e distribuição, nessa ordem. Seu maior alvo, entretanto, é o futuro linhão que ligará o Sudeste à usina de Belo Monte (PA), um projeto bilionário para o qual os chineses oferecem a tecnologia para lidar com redes de elevadíssima voltagem, acima de 800 kilowatts. No último dia 19 de dezembro, consórcio liderado pela State Grid levou os principais lotes no leilão de transmissão destinados ao escoamento da energia da hidrelétrica, com deságios próximos a 40%, confirmando a sua agressividade.

“Temos um plano inicial de investimento audacioso, de US$ 5 bilhões até 2015”, ressalta Ramon Haddad, vice-presidente da State Grid Brasil. Entre os projetos em estudos estão ainda novos parques geradores de energia eólica e planos pilotos de geração de eletricidade com vapor aquecido pela luz solar. “Hidrelétricas, só se forem grandes e com parceiros locais”, acrescenta.

* O repórter viajou a convite da State Grid


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