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Estado de Minas

Tarefas do lar viram negócio de empresas

Correria e altos encargos abrem espaço para companhias que usam máquinas modernas na faxina, limpam em duas horas e cobram por metro quadrado. Babás cobram por hora


postado em 27/08/2012 06:51 / atualizado em 27/08/2012 07:39

O diretor regional da Jan Pro, Sérgio Cardoso dos Santos, e uma das profissionais da empresa de conservação doméstica(foto: (Beto Novaes/EM/D.A Press))
O diretor regional da Jan Pro, Sérgio Cardoso dos Santos, e uma das profissionais da empresa de conservação doméstica (foto: (Beto Novaes/EM/D.A Press))
A correria do dia a dia das famílias e os altos encargos trabalhistas de um profissional doméstico abrem espaço para uma nova tendência nos ambientes domiciliares. As franquias e empresas especializadas em serviços de limpeza e de babá começam a disponibilizar profissionais apenas por um fim de semana, dia ou hora nas casas brasileiras. A cena de um ou dois profissionais de limpeza com equipamentos automáticos no ambiente familiar, com serviços ágeis e cobrança por metro quadrado ou hora, não faz mais parte apenas do dia a dia de países desenvolvidos, onde a mão de obra doméstica é cara e o minuto vale ouro.

Você chegou de viagem, encontrou a casa suja e precisa da limpeza em duas horas? A rede de franquias Jan-Pro Serviços de Limpeza, recém-chegada ao Brasil, promete oferecer o serviço. Tem um jantar ou trabalho de última hora e não tem com quem deixar seu bebê? A Nosso Lar Agência de Profissionais Domésticos pode socorrer você. O objetivo das empresas é oferecer os trabalhadores para os consumidores que precisam da mão de obra, mas não podem ou não têm interesse em contratar empregados fixos. E elas são apenas pioneiras em um nicho ainda inexplorado.

A Jan-Pro lança nesta semana em Belo Horizonte o serviço de limpeza pay per use (pague pelo uso) nas residências, que vai cobrar por metro quadrado ou hora de trabalho no imóvel. “Vamos prestar o serviço conforme a necessidade do cliente”, afirma Sérgio Cardoso dos Santos, diretor regional da Jan. A empresa começou a operar em Belo Horizonte em maio, focada na limpeza comercial. Mas a demanda dos clientes residenciais fez a Jan estender o serviço para a clientela particular. “A procura começou grande, pois está difícil achar empregada doméstica”, afirma Santos.

Ele conta que a tecnologia desenvolvida pela empresa permite que o serviço seja feito de forma mais ágil. “Temos aspiradores com quatro filtros, que permite que o ar saia mais limpo. Os panos de microfibra também têm maior eficiência na coleta de sólidos e líquidos”, avalia. A empresa cobra cerca de R$ 0,70 pelo metro quadrado da limpeza, ou em torno de R$ 25 pela hora. “A vantagem para o cliente é que os nossos limpadores são contratados com referência, vão uniformizados e têm referência pessoal”, diz Santos. Além disso, há um seguro contra causas cíveis, relativos a reparações por danos causados a terceiros, no valor de R$ 2 milhões.

A Nosso Lar oferece os serviços de doméstica geral, diarista, faxineira, babá mensalista e folguista. “Apesar de as pessoas serem mais desconfiadas no Brasil, isso começa a mudar. As famílias estão desmistificando a ideia de que todo trabalhador pobre ou de nível social mais baixo tem o pé na marginalidade”, explica Rosemeire da Silva, administradora da Nosso Lar. Ao mesmo tempo, diz, a necessidade de trabalhos domésticos fica maior. “As mulheres hoje assumem mais responsabilidades do que no passado”, observa Rosemeire.

O preço para indicação de cada profissional é amargo: R$ 120, fora o valor que vai ser cobrado pelo serviço. No caso da faxineira, varia de R$ 80 a R$ 85 a diária; da babá, de R$ 100 a R$ 120. As empregadas domésticas mensalistas da agência recebem hoje cerca de R$ 933 por mês, para trabalhar das 7h30 às 17h, mais o pagamento do INSS e do vale-transporte. “Mas a taxa de indicação é cobrada só no primeiro momento. Depois que o interessado tiver o contato, pode chamar outras vezes por conta própria”, pondera Rosemeire.

LONGA BUSCA
Há quase um ano, a pedagoga Renatta Ribeiro Paiva Kutova, de 39 anos, recebeu com pesar o pedido de demissão da babá que cuidava de sua filha, Sofia, hoje com 5 anos. “Ela não queria mais trabalhar um sábado por mês. Foi difícil”, recorda a mãe, dizendo que precisou largar um dos dois empregos para cuidar da garota. A maratona atrás de uma nova funcionária durou cinco meses, tempo em que ela precisou da ajuda da sogra e das tias de Sofia: “Elas ajudaram a cuidar de minha filha até eu conseguir encontrar outra pessoa, o que ocorreu há cinco meses. Porém, precisei abrir mão do sábado”.

A pedagoga Renatta Kutova abandonou um emprego quando a babá se demitiu(foto: FOTOS: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
A pedagoga Renatta Kutova abandonou um emprego quando a babá se demitiu (foto: FOTOS: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
O economiário Leônidas Augusto, de 45, e a advogada Romilda Faria Lima, de 39, também sentiram na pele a dificuldade de contratar uma boa empregada doméstica. “Tentamos encontrar alguém durante seis meses. Não conseguimos. O preço que elas cobram está um absurdo, quase igual ao de São Paulo: cerca de R$ 1,2 mil de salário. Conseguimos foi uma diarista, cujo preço está de R$ 80 a R$ 90”, explica Leônidas, enquanto se diverte com Romilda e a filha, Ana Carolina, de 3, na Praça da Liberdade. O casal concorda que o novo nicho de mercado, com babás contratadas por dia ou hora, é uma tendência normal de mercados em evolução, como o do Brasil. (Colaborou Paulo Henrique Lobato)

ENQUANTO ISSO... MAIS ENCARGOS
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados vai votar em breve a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 478/10, que iguala os direitos dos empregados domésticos aos demais trabalhadores rurais e urbanos. Se a proposta for aprovada, a nova lei vai conceder direitos semelhantes aos dos trabalhadores do setor privado, como salário-família, auxílio creche, FGTS, jornada de 44 horas semanais e adicional por trabalho noturno. As mudanças favorecem as empregadas domésticas, mas acarretam aumento dos encargos aos empregadores, o que pode contribuir para que os serviços terceirizados ganhem fôlego.

Desconfiança cai com o tempo

A mudança nas relações de consumo também faz com que a confiança das famílias tenha mudado na hora de contratar profissionais para colocar dentro de casa. “Antes, muitas domésticas ficavam deslumbradas com linhas telefônicas e dependuravam nas das patroas. Era comum também assaltarem as geladeiras para comer coisas a que não tinham acesso. Hoje isso mudou. As classes mais baixas começam a ter acesso às coisas, têm telefone celular. Muitas babás usam o mesmo perfume das donas da casa, tênis e óculos de marca. A diferença é que gastam o salário todo com isso”, explica Rosemeire.

Outra franquia de serviço de limpeza terceirizado acaba de desembarcar no Brasil: trata-se da portuguesa House Shine. “O Brasil nos proporciona diversas oportunidades para crescimento. Enquanto Portugal está em crise, o Brasil cresce economicamente e a classe C emerge. O número de cidades propícias para inaugurarmos franquia é gigantesco e público consumidor não nos falta”, afirma Cândido Mesquita, presidente da House Shine.

A contratação fica a cargo da franquia. O consumidor paga apenas pela diária, uma opção mais prática”, completa Mesquita. O serviço começou a ser oferecido em São Paulo, mas a rede tem planos de expansão para Belo Horizonte e outras capitais. Em uma casa de 150 metros quadrados, os profissionais da rede conseguem fazer a limpeza em duas horas, afirma Lilian Esteves, diretora de expansão da House Shine. “Não trabalhamos com ao sistema tradicional de rodo e vassoura”, diz Lilian. A rede usa um cabo com base de microfibra, que agarra mais a sujeira do ambiente. “É um sistema mais rápido e eficiente, pois a vassoura espalha o pó pelo ar. E usamos só os nossos produtos, que são biodegradáveis”, afirma. Para fazer a limpeza em uma casa de 120 a 150 metros quadrados, a empresa cobra cerca de R$ 115. “O valor já inclui tudo. Para as diaristas autônomas, o consumidor ainda tem que pagar almoço e passagem de ônibus”, explica Lilian.

De flores a pequenos detalhes

Ludimila e Daniela Soares estão à frente da Z Lar, que oferece de jardineiros a compras de supermercado(foto: Jair Amaral/EM/D.A/Press)
Ludimila e Daniela Soares estão à frente da Z Lar, que oferece de jardineiros a compras de supermercado (foto: Jair Amaral/EM/D.A/Press)
Outros serviços de casa, como de bombeiros hidráulicos e jardineiros, também começam a ser assumidos por empresas. Daniela Soares Santos era advogada e morava com a irmã, que é médica, e nunca teve tempo para resolver compras e assuntos de casa. A irmã se casou e Daniela continuou a resolver os problemas da casa da irmã, mas como profissional. Daniela agora tem uma empresa focada no negócio e cobra por isso. A Z Lar Soluções Inteligentes está há três no mercado e trabalha com soluções para manutenção, organização e execução de serviços para ambientes empresariais, condomínios e residências. A empresa faz paisagismo e jardins nos ambientes, compras de supermercado, acompanhamento de mudança e tem ainda a Senhor faz tudo, responsável pela parte hidráulica, elétrica e de reparos em geral.

A Z Lar promove treinamentos, como o curso “Organize sua vida começando pelo seu armário” ou o de qualificação em serviços domésticos, que pode ser realizado tanto pela patroa como pela empregada doméstica. “A demanda pelo meu trabalho cresce a cada dia, em função da falta de tempo das pessoas. Muitas vezes me ligam para resolver uma coisa e resolvemos várias outras”, diz. Ela atende a cerca de 40 clientes por mês. Alguns fazem contrato de manutenção, pagam valor fixo por mês e têm direito a vários serviços.

O preço do pacote varia de R$ 200 a R$ 500 por mês. Alguns serviços são cobrados pela diária ou hora, como é o caso do “Senhor faz tudo”, bombeiro e eletricista: R$ 80 a primeira hora e R$ 40 as demais. “A mão de obra está escassa. É difícil para a dona de casa contratar, colocar qualquer pessoa dentro do domicílio. É bom ter uma referência”, observa Daniela.

O empresário Rafael Massula é dono de duas franquias da Dr. Resolve em Belo Horizonte. A franquia de reparos e reformas oferece profissionais para a parte elétrica, hidráulica, pintura, jardinagem, alvenaria, chaveiro e marcenaria (pequenos reparos). “O nosso diferencial é a qualificação, qualidade e confiança”, diz Massula. O valor do serviço varia. O bombeiro hidráulico, por exemplo, custa de R$ 90 a R$ 120 por hora. Outros consertos menores, como troca de bucha de torneira, custam de R$ 30 a R$ 40. (GC)

 


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