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Estado de Minas

Indústria mineira segura os empregos

Enquanto ocupação nas fábricas tem a maior queda em três anos no país em junho sobre mesmo mês de 2011, em Minas taxa cresceu 0,3%


postado em 11/08/2012 06:00 / atualizado em 11/08/2012 07:01

O emprego industrial em Minas Gerais continua garantido, mesmo diante do cenário nebuloso que paira sobre o setor. Durante os seis primeiros meses do ano, contribuiu – juntamente com o Paraná – para aliviar o recuo da ocupação na indústria brasileira, que, em junho, chegou à quarta queda consecutiva ao registrar retração de 0,2% em relação a maio. Se comparado ao mesmo mês de 2011, a variação negativa do emprego industrial no Brasil é ainda maior, chegando a 1,8%, nona queda consecutiva nesse tipo de confronto, sendo a mais intensa desde dezembro de 2009 (-2,4%). Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Minas porém, os resultados ainda se mantêm no azul. Em junho, a variação foi de 0,3% frente ao mesmo período do ano passado, repetindo o avanço registrado em maio. Apenas o Paraná, entre os 14 locais pesquisados, repetiu o feito de Minas, fechando o mês com números positivos (1,8%). Por aqui, a principal contribuição veio dos setores de produtos de metal, com alta de 0,53% e indústrias extrativas (0,53%). Na contramão, máquinas e equipamentos (-0,55) e indústria de transformação (-0,24) exerceram as principais influências negativas. No ano, o estado chega a acumular alta de 1,2% na geração de vagas no setor (veja quadro).

Para Osmani Teixeira de Abreu, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a atividade extrativa no estado continua em alta. “Apesar de a China estar reduzindo o crescimento, mantem o PIB na casa dos 7,5%. Portanto, a indústria mineira continua produzindo e exportando”, observa. Na análise do especialista, não houve reduções drásticas nas encomendas que justificariam ajuste de produção e consequente impacto no mercado de trabalho.

Quanto aos demais setores, o momento é de expectativa diante do desempenho da economia nos próximos meses. “Minas não ampliou tanto o desemprego porque há uma perspectiva do industrial mineiro de que as medidas adotadas pelo governo surtam efeito”, afirma. “Continua-se aguardando e acreditando que, ou vai haver uma retomada do consumo ou ainda, na pior das hipóteses, o desempenho continuará como está”, acrescenta Osmani.

Demissões são dispendiosas e qualquer medida precipitada pode acarretar em grandes perdas para o empresário. “Para demitir agora e contratar daqui a dois meses, não vale a pena. Se tira um funcionário com produtividade para buscar no mercado um que não esteja preparado para a vaga”, analisa Osmani. As alternativas iniciais passam pelo corte do banco de horas e adoção de férias coletivas, entre outras providências. Em junho, o número de horas pagas caiu 0,3% frente a maio e 2,6% na comparação com mesmo mês de 2011, décima taxa negativa consecutiva nesse último confronto.

Recuperação ainda incerta

 Para o professor de economia da FGV/IBS Mauro Rochlin é preciso esperar pelo menos mais 60 a 90 dias para que seja caracterizado um cenário de retomada. “A produção industrial avançou em julho depois de vários meses seguidos de queda, mas ainda não podemos garantir que se trata de uma tendência, apesar de poder se configurar um ponto de inflexão”, avalia. Enquanto no país a variação foi de 0,2% em julho, em Minas chegou a 1,2%.
Para o economista da coordenação da indústria do IBGE Fernando Abritta, todas as medidas que o governo adotou até agora se mostraram insuficientes. “Redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), queda dos juros, desoneração da folha, nada parece surtir efeito diante de um crédito que não cresce mais na mesma velocidade, barrado pela alta da inadimplência”, avalia.

 

Fundo para evitar cortes

 

Ainda que positiva, a dinâmica de geração de vagas na indústria mineira já demonstra sinais de arrefecimento. Começou o ano com variação de 2,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e já registra resultado de 0,3% no segundo mês consecutivo. Ciente do cenário de deterioração da indústria e dos impactos que pode acarretar ao emprego e renda, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) já se movimenta para tentar garantir a manutenção dos postos de trabalho no setor.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e secretário geral da CUT Nacional, Sérgio Nobre conta que as centrais sindicais apresentaram esta semana ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho proposta de criação de um fundo batizado de Programa Nacional de Estabilização e Manutenção do Emprego no Setor Privado (Pneme). “Este fundo seria formado pela contribuição das empresas e trabalhadores e só poderia ser utilizado em momentos de crise econômica, com o objetivo de manter o emprego”, antecipa Sérgio. A proposta é de que 10% da multa do FGTS seja utilizada para financiar o Pneme.

A inspiração para a proposta vêm do modelo alemão, que já é amplamente usado. “Se existisse no Brasil um fundo como o alemão e fosse utilizado para financiar 50% do custo para proteger o emprego, na crise de 2008, quando 212 mil metalúrgicos foram demitidos, seria necessário apenas R$ 1,5 bilhão para que nenhum empregado do setor fosse dispensado”, afirma Sérgio.

Para o sindicalista, as empresas que mais sofrem e já têm iniciado processo de demissão são as pequenas e médias. “Quando tem uma empresa média ou grande é possível adotar medidas para proteger o emprego como banco de horas e férias coletivas. As empresas menores não têm esse fôlego” pondera. (PT)


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