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Estado de Minas

Valor dos imóveis sobe 2.250% em uma década em Macacos

Terrenos no distrito de Nova Lima que fica a menos de 30 quilômetros da Zona Sul de BH valorizaram 2.250% nos últimos 12 anos. Apesar do aumento, preços ainda são atrativos


postado em 11/08/2012 06:00 / atualizado em 11/08/2012 07:02

A história de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima, remete ao século 18, quando os bandeirantes cruzaram a região em busca do minério disponível em abundância. A extração mineral, no entanto, se prolongou até meados do século seguinte, e depois disso o povoado ficou praticamente esquecido. Mas, passados mais duzentos anos, a localidade, apelidada de Macacos, tornou-se um refúgio para milhares de residentes da capital mineira que procuram um clima interiorano no entorno da cidade grande. Não à toa, os imóveis tiveram valorização de até 2.250% em pouco mais de uma década e, com a instalação de empreendimentos de grande porte na região, o mercado prevê a continuidade da valorização nos próximos anos.

A procura por tranquilidade é a razão que leva muitos moradores da capital a se instalar em Macacos, que fica a menos de 30 quilômetros da Savassi. O músico e mestre de capoeira José Paulo Ribeiro teve a opção de comprar um apartamento de 90 metros quadrados no Bairro Santo Antônio, onde morava, ou adquirir um lote de 400m2 em Macacos e erguer uma casa de acordo com as suas preferências. Sem muitas dúvidas, optou pela segunda alternativa. E justifica: “Em Belo Horizonte você passa a achar normal ouvir barulho de ônibus o tempo inteiro. Aqui, você só ouve a natureza”, afirma, considerando invejável poder criar os filhos num ambiente no qual “se pode ver o céu”.

E ele não é o único. A demanda por novos terrenos fez com que os valores se multiplicassem. Em 2007, segundo a Vilarejo Imobiliária (uma das que atuam no setor em Macacos), o metro quadrado de terrenos de até 20 mil m2 era comercializado a R$ 10, enquanto atualmente os preços variam de R$ 80 a R$ 100. Ou seja, no intervalo de cinco anos, o preço subiu até 1.000%. Enquanto isso, as vendas também foram turbinadas. De 2009 até o ano passado, os negócios fechados subiram quase 40%. “Lá em cima quase não tinha casas. Hoje está tudo loteado”, afirma o gerente da imobiliária, André Lamego, em referência à região onde está situado um spa de alto luxo inaugurado recentemente na região.

O empreendimento, assim como outras duas unidades hoteleiras de alto padrão que estão previstas para serem erguidas no distrito, devem atrair mais bares e restaurantes para compor o setor de turismo voltado para classes mais altas. Dos anos 1990 para cá, muitas pousadas foram construídas no vilarejo para atender públicos que gostam da proximidade com a natureza, mas, nos últimos anos, muitas se adaptaram a um perfil mais sofisticado, e para acompanhar foram criados restaurantes e bares também mais requintados. A tendência é de que novos empreendimentos sejam criados lá. Lamego chega a comparar São Sebastião das Águas Claras com Campos do Jordão.

O empresário Plauto Soares também é um dos que observaram o aumento da demanda imobiliária no distrito de Nova Lima. Há 12 anos, quando se mudou para lá, com a herança do pai, ele adquiriu um terreno de mais de 20 mil metros quadrados por R$ 80 mil. No início do ano, ele vendeu o lote por R$ 1,8 milhão, beneficiando-se da valorização da região. Parte do dinheiro ele investiu na construção da pousada que deve inaugurar até o fim do ano. “Sair do centro urbano e migrar para cidades vizinhas é a vontade de muitos que se cansaram do estresse do dia a dia. Em Macacos não há sinal de trânsito e não tem buzina”, afirma Soares.

 

Extensão da capital

 

A valorização de apartamentos em Belo Horizonte de 1994 para cá foi de 574%, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), ou seja em Macacos o preço teve crescimento até três vezes maior em período mais curto (12 anos). O presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti, credita a valorização à escassez de terrenos na capital, o que força a procura em regiões próximas. “Isso se dá muito por causa da indisponibilidade de espaços. Em todas as regiões do Vetor Sul se registra uma boa valorização. O mesmo é válido para todos os condomínios do entorno”, afirma.

Mas o que tem conquistado novos moradores para o distrito de Nova Lima é o fato de os preços serem bem mais atrativos. Segundo especialistas do ramo, o preço médio de um terreno de 1 mil metros quadrados em um condomínio no Jardim Canadá é de aproximadamente R$ 550 mil, enquanto em Macacos imóvel semelhante sai por R$ 200 mil. Ou seja, ainda está quase dois terços mais barato. Com isso, até mesmo jovens de classe média podem optar por adquirir seus imóveis no distrito em detrimento de optar por comprar um apartamento com pouco espaço em bairros de classe média da capital.

Esse é o motivo que faz com que o garçom e fretista Rafael Oliveira não se desfaça do terreno onde mora em Macacos. Nascido lá, ele herdou o imóvel e outros dois lotes dos pais e, mesmo tendo tido propostas tentadoras, de até R$ 700 mil, ele recusou. O valor possibilitaria que ele comprasse um apartamento de três quartos nos principais bairros da capital, mas a calmaria do distrito faz com que ele nem pense duas vezes. “O dia que oferecerem mais de R$ 1 milhão eu penso”, diz ele, ressaltando que a terra não desvaloriza e que ele pretende esperar o crescimento da filha, de 5 anos, antes de negociá-lo. “Aqui é bom demais. Não tem coisa melhor”, afirma ele, que viveu seus 26 anos ali e acompanhou o crescimento do vilarejo. (PRF)


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