(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Comerciantes divididos sobre o uso das sacolinhas

Pequenos comerciantes se desdobram e descobrem soluções para que freguesia tenha como levar as compras para casa sem peso nos custos. Clientes aprovam ideias, mas impasse continua


postado em 08/08/2012 06:00 / atualizado em 08/08/2012 07:31

Eduardo Mota admite que esquece a retornável no carro e precisa usar outros tipos de embalagens(foto: FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Eduardo Mota admite que esquece a retornável no carro e precisa usar outros tipos de embalagens (foto: FOTOS: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Uma semana depois de ter entrado em vigor a medida do Ministério Público que proíbe a comercialização de sacolinhas plásticas biodegradáveis em Belo Horizonte, ainda não há consenso sobre uma solução para o impasse. Alternativas como o retorno dos sacos de papel e a oferta de sacolas retornáveis mais baratas, que teriam parte do lucro destinado para instituições filantrópicas, surgem como opções para impedir a volta das sacolas compostáveis para o comércio, como sugerido ontem em reunião entre as principais entidades do setor. Enquanto isso, comerciantes menores, atentos às reclamações dos clientes, criam alternativas para facilitar o dia a dia da freguesia. Vale desde formar parceria para patrocínio das embalagens até a distribuição de sacos de papel.

A padaria e supermercado Romanina, no Prado, por exemplo, firmou parceria com uma escola de idiomas para que fosse impresso o logotipo da empresa nas sacolas distribuídas no fins de semana. Já o Supermercado Topázio, no Santa Tereza, optou por retomar a distribuição de sacos de papel, como era feito na década de 1980. E o Supermercado Superalfa, no Caiçara, decidiu distribuir sacos compostáveis. “Tem gente que pergunta na porta se tem sacolinha. Se não tiver, vira as costas e vai embora”, afirma a proprietária do Superalfa, Marizete Gurgel.

Ela diz que os clientes se acostumaram com a venda e, com a medida do MP, os comerciantes ficaram numa situação difícil. “Quem sofre mesmo somos nós, os menores. Os grandes têm milhares de clientes a mais e, se perderem um ou outro, não tem problema. Se eu perder 10 clientes, faz falta no fim do mês”, completa a empresária, ressaltando que, no caso dela, por ela ficar no estabelecimento, a reclamação é feita diretamente.

Encanto mantido

Opinião semelhante tem o gerente da Romanina, Isaías Rodrigues, que, para que o cliente não perdesse o “encanto” pela padaria, decidiu também distribuir as sacolinhas durante a semana,  e aos sábados são feitas ações de marketing em parceria com outras empresas do bairro. Elas patrocinam as embalagens e colocam um anúncio dentro da loja. “Além de reduzir o nosso custo, é uma forma de integrar a comunidade”, afirma Isaías, que, depois da primeira ação, já foi procurado por outras empresas do bairro para repetir a estratégia. No supermercado Topázio, para evitar abusos, o saco de papelão é deixado sob a caixa registradora e a ordem da gerência é controlar a distribuição para que o custo não seja elevado. “Estive em vários supermercados e muitos não têm opção para oferecer. O nosso saco é personalizado e resistente, o que se torna um diferencial”, afirma o gerente Juarez Oliveira.

Desde a proibição da distribuição de sacolinhas plásticas, a sacola retornável se tornou opção para reduzir os danos ao meio ambiente, mas, no caso de compras repentinas, é preciso dar opção aos clientes. Mas, segundo o empresariado, a maioria ainda esquece de levar as embalagens. O publicitário Eduardo Mota admite que na maioria das vezes deixa a sacola que comprou no carro e, por isso, é preciso ter uma alternativa para conseguir carregar tudo. “Quando era vendida a sacolinha biodegradável, cheguei a comprar menos mercadoria do que gostaria”, afirma. O mesmo se repete com o servidor público Renato Veloso. Ele diz que ficar sem sacola é impossível, dependendo do produto, e crítica a medida do Procon. “A sacolinha é mais prática, mesmo vendida. Foi ruim para o consumidor”, afirma ele, que, gostou da embalagem de papelão para compras menores.
"Tem gente que pergunta na porta se tem sacolinha. Se não tiver, vira as costas e vai embora", diz Marizete Gurgel, dona de supermercado

Defesa pronta para análise

Enquanto os comerciantes se desdobram para não perder os clientes diante da falta da sacolinha, representantes da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Procon Assembleia, Fecomércio/MG, Movimento das Donas de Casa (MDC/MG), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, das associações mineiras de supermercados (Amis) e da indústria da panificação (Amipão) e lojistas se reuniram para propor soluções. Um relatório com todas as propostas discutidas no encontro será enviado para o Ministério Público (MP) estadual, responsável pela medida cautelar. Como sugestões levantadas pelas entidades está a compra coletiva de sacos de papel, pelo próprio comércio, que substituíriam as sacolas compostáveis nas necessidades pontuais ou a oferta das sacolas retornáveis mais baratas com destinação de parte dos lucros a hospitais e outras entidades filantrópicas.

Convidado pela ACMinas, o promotor Amauri Artimos da Matta não compareceu, mas por e-mail informou que “aguarda a apresentação das defesas da Amis e das empresas reclamadas para oportunamente se posicionar a respeito” e garantiu que “a manifestação será considerada no momento do julgamento do processo adminstrativo”.

Hoje, a Amis entregará ao MP a sua defesa, mas não enumerou quais são as alternativas vislumbradas por ela para atender o consumidor. O superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, informou apenas que o órgão é “apoiador de todas as ideias apresentadas no encontro, que quer fazer parte da solução e que o mercado terá de ser criativo em busca de uma solução que satisfaça os consumidores”.

Na reunião convocada pela ACMinas o consenso foi de que a volta da distribuição gratuita das sacolas plásticas trará prejuízos aos ganhos ambientais e educacionais gerados desde que a lei municipal entrou em vigor. “Percebemos que 97% dos consumidores mudaram o hábito e usam a sacola retornável. Apenas 3% ainda consomem a sacola plástica. Portanto, a solução é focar nesse consumidor e conscientizá-lo”, considera Adilson Rodrigues.

Para a presidente do MDC/MG, Lúcia Pacífico, a alternativa imediata é incentivar o uso da sacola retornável e no futuro propor o retorno dos sacos de papeis em substituição às sacolas. “Na década de 1980 usávamos e era eficiente. O papel não agride o meio ambiente como o plástico”, afirma. “Mas precisamos bater firme para firmarmos o hábito das sacolas retornáveis”, reforça. (PRF e CM)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)