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Estado de Minas

Jovens movimentam o aluguel de cômodos em Belo Horizonte

Variação de preços é alta: chega a 400%, dependendo da região


postado em 21/06/2012 06:00 / atualizado em 16/01/2013 08:26

Angélica Rodrigues já passou por cinco repúblicas e agora divide apartamento com duas pessoas(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Angélica Rodrigues já passou por cinco repúblicas e agora divide apartamento com duas pessoas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Encontrar um lugar para morar na capital é um desafio para estudantes ou trabalhadores que deixam o interior ou a casa dos pais. Além da burocracia do aluguel, que envolve a necessidade de documentos, fiadores e a comprovação de renda, os desembolsos de altos valores, que vão além do preço da locação e incluem condomínio, IPTU e outras contas, apresentam-se como mais uma barreira para jovens entre 17 e 27 anos. O aluguel de quartos em casas de família e em apartamentos de pessoas que vivem sozinhas surge como opção, mas a variação de preços no mercado da capital também é pesada. Na cidade, o valor mensal para locar um quartinho pode sair entre R$ 200 e R$ 1 mil, cinco vezes mais. A região e o perfil do locador ditam os preços. No Centro-Sul de BH estão os mais caros: de R$ 500 a R$ 1 mil mensais, incluindo opções com mobília, água, luz, internet, telefone e em alguns casos alimentação e vaga de garagem.

O preço salgado é justificado pela proximidade dos centros comerciais, que reduz gastos com transportes, e pela oferta de itens de conforto como telefone no quarto, mobília, televisão, faxina uma vez por semana e café da manhã. Já as regiões Noroeste e Pampulha, mesmo abrigando polos universitários, conhecidos por encarecer os aluguéis, ainda se apresentam como as mais baratas em função da distância das áreas nobres. Nesses locais, os preços variam entre R$ 200 e R$ 600.

Moradora de um apartamento de dois quartos no Bairro Floresta, a aposentada Giselda Gonçalves, de 60 anos, vive em um quarto e aluga o outro, que está vago desde que a sua filha se mudou para os Estados Unidos. Para conseguir pagar o aluguel e outras despesas, ela cobra R$ 900 pelo cômodo. “Há 13 anos faço isso como forma de ter alguém comigo e de ter uma renda extra.”, justifica. “E a procura é tão grande que posso escolher. Só aceito pessoas com boas referências, meninas de família, que estejam vindo do interior.”

A publicitária Angélica Rodrigues, de 25 anos, também divide o teto com outras pessoas e cobra por isso. O objetivo é conseguir morar perto do trabalho, gastando menos do que um aluguel formal. De Ipatinga, no Vale do Aço, ela veio para BH para estudar e trabalhar. Nos últimos cinco anos, morou em cinco repúblicas. Agora, longe do ambiente universitário, ela vive com mais tranquilidade no Bairro São Pedro, na Região Centro-Sul, onde divide o apartamento e as despesas com um amigo. Recentemente, a terceira vaga, que estava aberta, foi preenchida. O preço cobrado da nova moradora foi R$ 600 (metade do valor do aluguel de um apartamento de um quarto na mesma região).
Ana Teresa Prado garante que viver na casa de estranhos é uma alternativa interessante e econômica(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Ana Teresa Prado garante que viver na casa de estranhos é uma alternativa interessante e econômica (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A boa convivência e respeito ao próximo se destacam como pilares da Vila Maria Hospedaria, na Região Central. Criada a partir de uma ideia do aposentado e fotógrafo Pierre Bonnereau, de 57, e de sua mulher, a autônoma Teresa Vergueiro, de 50, a hospedaria foi inaugurada em fevereiro com a intenção de reunir jovens de diversas regiões do país. “Era uma casa de 10 quartos, que estava fechada. Depois da aposentadoria e de criarmos sete filhos optamos por investir em algo que nos desse prazer. A companhia desses jovens veio como recompensa”, diz Pierre. Cada vaga custa aproximadamente R$ 600. “Mas quem pensa que essa atividade dá dinheiro está enganado. O valor pago por eles não funciona como uma renda e sim como um auxílio para que possamos pagar as contas com um pouco mais de conforto."


Para todos os bolsos

Saiba onde estão as vagas e qual o preço da mensalidade, por região

Centro-Sul - de R$ 500 a R$ 1 mil (mais caros próximos à Fumec, fóruns e centros comerciais)
Leste - de R$ 300 a R$ 600 (mais caros próximos à Av. do Contorno)
Noroeste - de R$ 200 a R$ 600 (mais caros próximos à Newton Paiva e PucMinas)
Oeste - de R$ 200 a R$ 550 (mais caros próximos ao Uni-BH)
Pampulha - de R$ 300 a R$ 600 (mais caros próximos à UFMG)

Fonte: Easy Quarto

 O custo de morar sozinho

Preço médio de aluguel de quitinetes, apartamentos ou flats mobiliados de 1 quarto (fora condomínio), por região

Centro-Sul - de R$ 550 a R$ 2,8 mil
Leste - de R$ 650 a R$ 1,4 mil
Oeste - de R$ 550 a R$ 1,2 mil
Noroeste - de R$ 550 a R$ 1 mil
Pampulha - de R$ 550 a R$ 1 mil

Fonte: Pesquisa em imobiliárias e CMI 

 

Internet ajuda na busca

 

Os jovens que antes ficavam atentos a anúncios fixados nos murais das faculdades, cursinhos e outros espaços comuns de colégios e universidades, agora usam a internet e os relacionamentos com amigos para encontrar a moradia ideal. Sites especializados permitem o encontro dos interessados com os locadores. Só no site Easy Quarto, que anuncia quartos disponíveis em todo o Brasil, existem mais de 309 opções em Belo Horizonte, e 170 pessoas cadastradas, que estão em busca de um lugar para viver. Além dele, outros sites, como o OLX e Vivastreet, também prestam o serviço e ajudam quem procura por um quarto em BH.

Isabel Cristina Rodrigues Lima, de 22 anos, encontrou o quarto onde mora, no Bairro Santo Agostinho, com a ajuda de amigos. Por mês, ela gasta cerca de R$500 com aluguel, luz, água, internet, alimentação e TV a cabo. Os custos, segundo ela, valem a pena. “Pago barato, se comparado a outros lugares. Moro perto do trabalho e da faculdade e esse tipo de moradia vale a pena para quem vem do interior e precisa se manter sozinho em Belo Horizonte trabalhando e estudando”, garante.

Assim como ela, Ana Teresa Prado, de 21, saiu de Betim, na Região Metropolitana, para estudar e fazer estágio em Belo Horizonte. Hoje, ela mora em um apartamento com outras três pessoas, na Serra. A proprietária do imóvel cobra um valor diferenciado, de acordo com o tamanho do quarto. Os preços variam de R$ 340 a R$ 640. “Vale a pena porque estou perto dos locais onde preciso estar todos os dias. E é uma opção econômica”, afirma Ana Teresa.

Para o diretor das Administradoras de Locação da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi), Fernando Júnior, essa modalidade de aluguel, considerada informal pelo setor, não traz reflexos negativos para as imobiliárias, por existir uma demanda reprimida. “Mas o aluguel formal dá ao morador a segurança necessária para viver pelo tempo que quiser no espaço alugado. Os quartos podem ser apenas uma solução pontual”, pondera. (CM)


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