Desde que as primeiras mudas de café arábica aterrissaram em terras brasileiras no século 18, doce ou amarga, a bebida rapidamente caiu no gosto popular. O país é o maior produtor do grão, no ano passado exportou 33 milhões de sacas, garantindo a primeira posição no ranking internacional. Mas o café não é estrela só das exportações. Com mercado interno firme, o Brasil é o segundo maior consumidor mundial e a moda agora é saborear a bebida fora de casa. No ano passado o segmento de cafeterias cresceu em Minas perto de 25%. Embalado pela oferta e malta, nos próximos dois meses o consumidor poderá testar cafés especiais, doces e shakes produzidos a partir do grão no Circuito de Cafeterias, uma espécie de Comida di Buteco do café.
Nesta segunda edição do circuito, 25 cafeterias oferecem até 24 de julho bebida ou guloseima desenvolvida para a ocasião, com valores entre R$ 6 e R$ 12. A ideia do setor é promover não só o hábito do cafezinho fora de casa, mas incentivar a degustação da bebida gourmet. O segmento especializado na chamada bebida premium, que tem paladar e aroma apurados, cresceu 15% em 2011. “Já foram distribuídos 20 mil passaportes. Esperamos um movimento 25% maior que o ano passado”, diz Ruimar de Oliveira Junior, um dos idealizadores do circuito. Para ele, a febre das cafeterias está longe de ser uma moda passageira. “O hábito de tomar café já é consolidado pelo brasileiro”, aposta.
O pó torrado e moído está presente em 95% dos lares brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Cada habitante consome cerca de 5,5 quilos por ano e para muitos o hábito começa na infância. A bebida de todo dia para acordar, trabalhar ou simplesmente para animar o encontro, deve esquentar também os negócios. Soraia Malheiros, dona do São Benedito Café e Bistrô diz que as vendas do seu brownie de café com sorvete de creme e calda também de café ferveram ontem, quando o produto passou a figurar o cardápio. “O objetivo do circuito é incentivar o hábito do café. Espero que as vendas do brownie cresçam entre 30% a 40% em comparação ao que eu venderia se ele não estivesse no circuito”, calcula a empresária. Embalado pela nova febre, o bistrô que também serve pratos executivos caprichou e tem como uma da opções de prato do dia o risoto com molho feito a partir do grão.
Na livraria Mineiriana, na região da Savassi, o personagem principal do cardápio é o milkshake de café com pimenta, vendido a R$ 9,90. O diretor Gabriel Campos conta que participa do circuito pela segunda vez e acredita que a promoção veio em um bom momento. “Estamos saindo de um período de obras na Savassi e o circuito é uma iniciativa
que chama atenção para a scafeterias como ponto de cultura e encontro.”
Em 2011, 18 empresas participaram do circuito. Neste ano houve lista de espera. Uma das atrações para o empresário participante do circuito foi a entrada para uma rodada de palestras técnicas. “Queremos diminuir a distância entre o produtor e a xícara”, reforça Ruimar Junior. Segundo o empresário, na cafeteria do futuro cada negócio vai vender seu próprio café especial, torrado na loja e cultivado em uma determinada região do estado, do Sul de Minas ao cerrado.
Durante o circuito, ao consumir a bebida do circuito o cliente vai poder opinar sobre o produto. Receberá uma cédula de votação onde vai pontuar o sabor, criatividade, apresentação e atendimento. Ao fim do circuito será sorteada uma máquina de café. O consumidor pode conhecer as empresas que participamdoprograma no site www.circuitodecafeterias. com.br.
Animado, Cláudio Viana está apostando em um crescimento de 30% a 40% no fluxo de clientes de sua loja, durante os meses do circuito. Na Fusion du Chocolato prato é obrownie de capuccino com café expresso, acompanhado pela água com gás, vendido a R$ 9,80. “As cafeterias são lugares para o convívio fora de casa”, aponta.
Enquanto isso...
Franquia mineira deslancha
De todo o café produzido no país, Minas Gerais é responsável por 53% da safra. Isso significa que o estado deve colher este ano uma produção recorde, perto de 26,7 milhões de sacas. Surfando na onda de líder na produção, os negócios crescem nas gôndolas dos supermercados e também nos segmentos especializados. O empresário Cristian Figueiredo se prepara para oferecer a primeira franquia de cafeteria mineira.
AMr. Black funciona em dois endereços de Belo Horizonte e até o fim do ano serão três franquias com lojas também fora do estado. “Nossa meta é chegar em 2017 com 30 lojas”, aponta o empresário. Segundo ele, que participa do Circuito de Cafeterias com o café na prensa francesa. Paramontar o negócio, o investimento
varia de R$ 150 mil a R$ 250 mil. O retorno é esperado entre 24 e 36 meses