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Estado de Minas

Missões de mineiros invadem o Oriente

Aumenta o número de viagens de empresários ao exterior para captação de negócios. Valorização do dólar frente ao real ajuda. Principais destinos estão nos países asiáticos


postado em 21/05/2012 06:47 / atualizado em 21/05/2012 08:03

Em outubro, a Federaminas vai levar de 40 a 50 empresários para a Canton Fair, uma das maiores bienais de comércio da China(foto: (Bobby Yip/Reuters - 17/10/1)
Em outubro, a Federaminas vai levar de 40 a 50 empresários para a Canton Fair, uma das maiores bienais de comércio da China (foto: (Bobby Yip/Reuters - 17/10/1)
 

A alta do dólar turbinou uma série de missões empresariais e técnicas em direção a alguns dos mercados mais cobiçados do comércio do Brasil e de Minas Gerais no exterior. Coincidência ou não, a valorização da moeda norte-americana reforça a retomada de um trabalho de prospecção de mercados no comércio internacional que determinados setores da indústria, a exemplo dos fabricantes de calçados, chegaram a abandonar durante o longo período de desvantagem cambial frente aos concorrentes. Técnicos e empresários estão envolvidos ou programam visitas de negócios a pelo menos três dos maiores países – China, Coreia do Sul e Japão – da Ásia, região mais cobiçada no mundo dos negócios, e a dois vizinhos com problemas socioeconômicos graves, mas abertos aos investidores estrangeiros: o Vietnã e o Camboja.

“Se o dólar continuar a se valorizar, com certeza as oportunidades no exterior ficarão mais atrativas para as empresas brasileiras, mas esse movimento tem de se firmar”, afirma Diogo Serafim, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). Uma missão de técnicos da instituição está no Vietnã e vai ao Camboja esta semana, depois de passar pela Coreia do Sul para conhecer e avaliar inovações tecnológicas e oportunidades de compra e venda de produtos. No roteiro, visitam, além de fábricas, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

As duas pequenas economias asiáticas entraram na política de internacionalização da Assintecal depois que as medidas antidumping contra o avanço das importações chinesas do Brasil levaram ao crescimento da produção de calçados para exportação no Vietnã e no Camboja. Os cambojanos produzem cerca de 15 milhões de pares de calçados por ano, exportando mais da metade (57%) desse volume para Alemanha, França e Países Baixos. Os dois destinos foram incluídos nos mercados-alvos entre os mais de 40 países que a Assintecal monitora para identificar oportunidades de prospecção e consolidação das exportações. A meta da instituição, neste ano, é embarcar ao exterior o equivalente a US$ 1,180 bilhão. A missão conta com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Em Minas Gerais, a Federação das Associações Comerciais do estado (Federaminas), que representa 420 entidade da classe empresarial espalhadas pelo interior, organiza a segunda missão neste ano para a China. O grupo tem ênfase no comércio de alimentos e de confecções, em busca de negócios envolvendo importação e exportação ao alcance de micro e pequenas empresas, que predominam entre os associados, informa o presidente da Federaminas, Wander Luís Silva. “Estamos em um bom momento (o da alta do dólar) para que as empresas conheçam o mito do mercado asiático e iniciem no bê-á-bá de um processo de internacionalização.”

A parada principal da missão prevista para outubro será a Canton Fair 2012, em Cantão, considerada uma das maiores bienais de comércio na China. A expectativa da Federaminas é levar de 40 a 50 empresários, mais que o dobro da primeira missão, que esteve no país em abril, diante do grande interesse demonstrado à instituição. A caminho do Oriente, os associados querem também conhecer possibilidades de negócios na Índia no ano que vem. O calendário internacional, de acordo com Wander Silva, deverá se tornar permanente.

Os fabricantes brasileiros de máquinas e equipamentos estão atentos ao desempenho da economia do Japão. Uma comitiva da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) esteve em Tóquio em março para encontros com mais de 200 empresários interessados em investir no Brasil. A proposta da instituição, agora, é estimular parcerias entre os industriais do setor nos dois países. Nem tanto pelos volumes de comércio, mas também pelo valor simbólico de fincar os pés na Ásia, cresce o interesse das marcas brasileiras nessa corrente de comércio, avalia o diretor regional da Abimaq em Minas, Marcelo Luiz Moreira Veneroso.

“Os asiáticos estão invadindo o mundo e a partir do momento em que nós conquistarmos o mercado deles seria como dar um sinal da nossa competitividade”, disse. Era o que os fabricantes do setor esperavam com a valorização do dólar. Até agora, as Américas Latina e do Norte e a Europa têm sido os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos. A missão da Abimaq acompanhou representantes da Petrobras num seminário específico que discutiu as condições do mercado brasileiro das indústrias naval e de óleo e gás.

Enquanto isso..

…ITALIANOS PASSAM POR AQUI

Polos industriais de São Paulo, Paraná e Minas Gerais recebem de hoje a sexta-feira representantes de 250 empresas italianas, numa das maiores missões empresariais previstas para este ano no Brasil. A delegação visita indústrias do setor aeronáutico de São José dos Campos (SP) na quarta-feira e vai conhecer os segmentos de mecânica e automotivo em seminário marcado para Belo Horizonte na quinta-feira. Haverá atividades, ainda, na capital paulista, em Santos (SP) e Curitiba (PR). Participam do grupo empresas da agroindústria, construção, das áreas de energia, automobilística, móveis e decoração e mecânica. O objetivo do evento, promovido pelos ministérios italianos do Desenvolvimento Econômico e das Relações Exteriores, em conjunto com o Departamento para a Promoção de Intercâmbios da Embaixada da Itália, é estimular oportunidades mútuas de colaboração e reforçar as relações bilaterais entre os dois países.

É bom traçar o mapa das oportunidades
Na expectativa de um período de estabilização do dólar alto, o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Júnior, diz que só assim a indústria terá alguma confiança para partir para conquistar e reconquistar mercados no exterior. “A indústria brasileira tem de saber onde estão as boas possibilidades no exterior para explorar, isso ajuda também o setor a se firmar no consumo interno”, afirma. A própria Fiemg organiza duas missões empresariais, para o Chile e o Paraguai, no segundo semestre para incentivar negócios nos setores elétrico, de biotecnologia, alimentos e mecânica.

De acordo com Machado Júnior, a experiência internacional, seja onde for, torna as empresas mais exigentes desde a linha de produção aos sistemas de comercialização de seus produtos. O desafio particular das indústrias mineiras bate na concentração das exportações para a China, lembra Elisa Maria Pinto da Rocha, pesquisadora da área de comércio exterior da Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte. Primeiro destino dos produtos mineiros no ano passado, o gigante asiático concentrou em minérios 92% das suas compras de US$ 13,330 bilhões em 2011.

Esse peso exagerado de um ou poucos produtos é observado também nas relações comerciais do estado com o Japão e a Coreia do Sul. Depois do minério de ferro, destacam-se produtos siderúrgicos e o café. “Mais do que nunca, a preocupação com a conquista de novos mercados aumenta, com os sinais de desaceleração do crescimento da economia chinesa”, afirma Elisa Rocha. O Produto Interno Bruto – medida da produção de bens e serviços do país – cresceu 8,1% no primeiro trimestre, menor percentual verificado nos últimos três anos. E as exportações de Minas Gerais destinadas à China sentiram o baque, com queda de 15,6% de janeiro a março, quando somaram US$ 2,128 bilhões, na comparação com os três primeiros meses de 2011. (MV)

DE PORTAS ABERTAS
Saiba quais são os principais parceiros comerciais do estado

CHINA
Primeiro destino das exportações do Brasil e de Minas Gerais no ano passado, o gigante asiático agora assusta por ter imposto um freio em seu crescimento econômico. A soma da produção de bens e serviços do país, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), cresceu 8,1% no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2010, o ritmo mais lento já verificado nos últimos três anos. No quarto trimestre de 2011, a expansão havia sido de 8,9%. De tudo o que Minas vendeu à China no ano passado –um total de US$ 13,330 bilhões –, 92% consistiram em minérios; 3% em produtos siderúrgicos; 2% em soja em grão; 1,5%, açúcar, e 1% de celulose.

JAPÃO

Parceiro tradicional de Minas Gerais no mercado internacional, o país comprou US$ 527,9 milhões em produtos mineiros no ano passado, ocupando a quarta posição entre os destinos das exportações do estado. Houve uma queda de 19,98% em comparação ao resultado de 2010. Para o Brasil, os japoneses representam o sexto maior cliente, que também reduziu as compras, em 19,11%, no mesmo período. Do total das exportações mineiras, o país respondeu por 64% de embarques de minérios; 17% de café e outros grãos; 11% de produtos siderúrgicos e 3% de celulose.

COREIA DO SUL

Os coreanos perderam espaço na pauta das exportações de Minas Gerais este ano, quando ficaram no 12º lugar da relação de principais destinos dos produtos do estado, com valor de US$ 146,9 milhões entre janeiro e março. Em 2011, o país era o 9º parceiro do comércio mineiro com o exterior, tendo comprado US$ 813,6 milhões. As compras dos coreanos são ainda mais concentradas que as da China e do Japão. Elas representam basicamente três itens de comércio: minérios, 55%; produtos siderúrgicos, 26%; e café, 11%.

VIETNÃ
A pequena economia vizinha da China despontou recentemente na pauta das exportações de Minas Gerais. O país comprou US$ 35,4 milhões em produtos mineiros no ano passado e se manteve como destino de US$ 8,2 milhões das exportações do estado entre janeiro e março. Milho em grão foi a principal mercadoria embarcada ao Vietnã em 2011, respondendo por 44% do total, seguido de soja triturada (18%) e farelo de soja (7%). Minas já importou do país do Sudeste asiático caldeiras, reatores, equipamentos mecânicos, fibras sintéticas e artificiais usadas no setor têxtil.

CAMBOJA
O país, que tenta se reerguer da destruição da guerra, não entrou nos registros das exportações e importações de Minas Gerais acompanhadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no ano passado e de janeiro a março. O Brasil exportou o equivalente a US$ 6,134 milhões ao Camboja no ano passado e US$ 1,292 milhão no primeiro trimestre. Todo o volume de exportações foi de açúcar, que pode ser uma oportunidade para negócios com Minas Gerais.


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