(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

MMA movimenta milhões no Brasil

Com o crescimento do esporte, retorno dos investidores é garantido por eventos, patrocínios e produtos licenciados


postado em 14/04/2012 06:00 / atualizado em 14/04/2012 08:54

Dos pittiboys cariocas ao bom-moço, de óculos e fala mansa, Anderson Silva. Das brigas em boates à familiarização da luta e conceituação como esporte. Violento, agressivo e até desumano foram, por mais de uma década, adjetivos inerentes à prática das artes marciais mistas (MMA, na sigla em inglês). O estilo de luta, no entanto, saiu do submundo e ganhou o mundo. E muito se deve ao retorno financeiro que as três letrinhas dão para seus investidores. Além da notoriedade e popularidade que movimentou milhões de dólares em eventos e patrocínios, o MMA criou uma rixa entre emissoras de TV aberta, que investiram pesado na disputa pela audiência – a TV Alterosa exibe aos sábados, às 12h15, o programa MMA Alterosa e toda preparação tem repercussão diária no blog Nocaute, do portal EM.com.

Na primeira edição do Ultimate Fighting Championship (UFC) disputada no Brasil, segundo estudo da organização, a esperada presença dos lutadores movimentou R$ 66,8 milhões apenas no Rio de Janeiro, palco do evento, somando desde o salário dos funcionários contratados aos produtos licenciados. No caso dos ingressos, para assistir da primeira fila foi preciso desembolsar R$ 1,6 mil – mais de duas vezes o preço da área vip do show do ex-beatle Paul McCarntey no ano passado.

E o impacto financeiro extrapola as divisas flumineses. Do total de ingressos vendidos, por exemplo, apenas 40% foram comprados por moradores do estado-sede. Enquanto isso, fanáticos percorreram até 3,4 mil quilômetros para assistir às disputas, caso dos roraimenses que se deslocaram da Região Norte até a cidade carioca. De Minas, saíram 3,5% dos 15 mil presentes na arena.

Os professores Breno Teixeira e Fernando Antônio comemoram o aumento do número de alunos (foto: Juarez Rodrigues/EM,/D.A/Press)
Os professores Breno Teixeira e Fernando Antônio comemoram o aumento do número de alunos (foto: Juarez Rodrigues/EM,/D.A/Press)
O percentual de vendas é reflexo não somente da localização do evento, mas retrata também a geografia do MMA no Brasil. Desde meado dos anos 1980, quando a família Gracie se destacou no vale-tudo, o Rio de Janeiro tornou-se o principal palco das academias de jiu-jítsu do país, criando-se o título de pitboys. Mas a luta teve um retorno de público bem mais acanhado em terras brasileiras, voltando a explodir apenas no ano passado.

O lutador e professor de artes marciais Fernando Antônio, o mestre Doca, comemora a busca pelo tatame. Atualmente, ele treina 80 alunos, com idade variando de 10 a 60 anos. “O trabalho se profissionalizou e caiu o preconceito. Era mais agressivo e tinha-se a ideia que o lutador tinha que ser machão e aguentar apanhar, mas hoje um em cada três alunos é mulher.”

Na Academia Full House, o número de alunos aumentou mais de 50% nos últimos 12 meses, sendo necessário criar novas turmas e ter aulas todos os dias. Atualmente, são cerca de 200 alunos. Desse número, 50 são mulheres. “O resultado tem sido uma demanda muito maior. As pessoas em busca de qualidade de vida”, afirma o sócio da academia, Eduardo Lopes. Ele atesta que uma aula de uma hora e meia de MMA pode resultar na perda de 800 calorias, enquanto durante o mesmo tempo se perde apenas 500 calorias com spinning.

Celebridade Presente em novelas e clipes de MPB, uma das principais caras do MMA no Brasil, o lutador Anderson Silva, virou celebridade. Somente em 2011, assinou contrato com as marcas Ford e Burger King e agora é a estrela do filme Como água, longa que conta a história da luta entre o atleta brasileiro e Chael Sonnen, com quem volta a lutar ainda este ano. A batalha encerrará o primeiro reality show do UFC fora dos Estados Unidos, que estreou no mês passado. Mas o filme ficou longe de ter o retorno esperado. Nos primeiros nove dias de exibição, apenas 60 mil espectadores conferiram a saga de Silva, apesar de ele ter sido projetado em 162 cinemas de todo o país.

Força do marketing

Impressionados pelos títulos de Anderson Silva, milhares de jovens retomaram a paixão por lutas. Nas redes sociais, passaram a ser frequentes os comentários sobre duelos nos ringues, o que atraiu empresas de marketing. Crianças passaram a colecionar álbuns dos fortões e foram criados vários objetos personalizados.

Mais de 400 itens passaram a integrar o rol da marca do UFC e, para 2012, a previsão é que outros 200 componham a categoria. A meta era atingir US$ 120 milhões da venda no varejo em um ano, mas o teto foi ultrapassado em US$ 20 milhões, tornando o Brasil o maior vendedor de produtos originais fora dos Estados Unidos, segundo Marcus Macedo, diretor de Licenciamento e Marketing da Exim, empresa responsável pelo licenciamento da UFC na América Latina. 

Em julho do ano passado, a Marc 4 assinou contrato de exclusividade com a produtora do evento para fabricar toda a linha de roupa casual e equipamentos. A primeira coleção foi lançada em janeiro, com 60 produtos. A segunda linha passou para mais de 170. O sócio-diretor da empresa, Artur Regen, diz que a perspectiva é que as vendas deste ano cresçam 100% em relação ao ano passado, influenciado principalmente pela divulgação da grande mídia e pelo aumento do número de pontos de venda, que, atualmente, ultrapassam 1,2 mil em todo o país.

 Kalunga também integra os fabricantes oficiais da linha UFC, que tem entre seus itens, cadernos e bonés. A gerente de Licenciamento de Produtos da Kalunga, Fernanda Rodrigues, diz que o crescimento das vendas foi de 30% e o principal motivador foi o evento no Rio, em agosto. (PRF/PT)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)