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Estado de Minas

Taxas resistem a corte na Selic

Apesar de juro básico da economia cair de 34,9% para 9,75% ao ano desde 1998, crédito para consumidor continua caro


postado em 10/04/2012 06:00 / atualizado em 10/04/2012 06:39

Na contramão da queda da taxa básica de juros, a Selic, que deveria servir de referência para os empréstimos dos bancos, os encargos cobrados do consumidor resistem a cair e seguem descolados também do recuo da inflação. O descompasso é flagrante, independentemente dos períodos de bonança e crise econômica do país, deixando dúvidas sobre a eficácia da estratégia do governo de pressionar os bancos federais a reduzir o custo do dinheiro e, com isso, arrastar os bancos privados. Em Belo Horizonte, o histórico das taxas impostas nas compras com cartão de crédito mostra aumento de 17,3% nos últimos 13 anos entre fevereiro de 1998 e março passado, enquanto a Selic baixou 71,7% no mesmo período, conforme a pesquisa mensal realizada pela Fundação Ipead, vinculada à UFMG, que mede índices próprios do custo de vida na capital mineira.

Desde o começo de 1998 a fundação acompanha os juros cobradas pelos bancos nos empréstimos e na captação de dinheiro dos investidores. As taxas do financiamento para as pessoas físicas da linha do CDC com bens alienáveis mostrou redução, mas modesta, de 28,7%. No cheque especial, houve diminuição de 17,9%, e no crédito da linha do CDC financeiro, os custos diminuíram 13,1%. Resultado: a queda da taxa básica de juros superou em cerca de duas vezes e meia a maior redução dos encargos nos bancos, observado no CDC. A Selic, que era de 34,5% ao ano em janeiro de 1998, baixou para os atuais 9,75% ao ano. Já as taxas do cartão de crédito saíram de 10,91% ao mês para 12,80% mensais, as do cheque especial caíram de 10,63% para 8,72% mensais e as do CDC, de 4,11% e 2,61%, dependendo da modalidade, para 3,57% e 1,86% ao mês.

Até mesmo para os pesquisadores e analistas acostumados com os números é difícil explicar por que os bancos não reduzem as margem que apuram, o chamado spread, na mesma proporção da taxa Selic ou no sentido da inflação. “É um mistério no Brasil”, critica o coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG, Wanderley Ramalho. A inadimplência e o risco que o banco corre ao emprestar dinheiro não explicam taxas tão altas, para Ramalho.

Sem concorrência
Espaço não falta para a redução das taxas na oferta de crédito, avalia Juliano Lima Pereira, diretor da corretora de valores Corval e professor de pós-graduação em finanças da escola de administração e negócios Ibmec. “Quando falamos no sistema de empréstimo ao consumidor na Europa e nos Estados Unidos, observamos concorrência no setor financeiro e uma população com cultura financeira desenvolvida. Aqui, grande parte das pessoas não conhece e nem tem informações suficientes para pesquisar e negociar um financiamento”, afirma.

O hábito do brasileiro, em geral, se resume a verificar se a prestação cabe dentro da renda mensal. A taxa cobrada nas compras com cartão de crédito alcança 300% ao ano em BH, o que significa que a dúvida quadruplica num período de um ano. O analista chefe da Austin Assis, Alex Agostini, pondera que o governo também tem sua cota de responsabilidade na composição do spread bancário. Os encargos fiscais, impostos diretos e o compulsório exigido das instituições financeiras respondem por um quarto dessa conta. Outros 30% do spread correspondem à margem líquida dos bancos e um terço é a parcela da inadimplência. “A queda das taxas para o consumidor, quando ocorre, não tem sido significativa. Vamos ter de esperar, agora, pelo menos seis meses para ver algum impacto importante da redução prometida pelos bancos”, afirma.


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