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Estado de Minas

Baixa qualificação dificulta retorno

Tempo de procura tende a ser maior quando os candidatos têm poucos anos de estudo e não passam por reciclagem profissional


postado em 08/04/2012 08:02

Se a luta atrás do sonhado emprego é dura para os profissionais mais qualificados, imagine a que ponto chegam as dificuldades para trabalhadores como Marlon Mendes, que está ainda no começo do curso superior de moda, e o faz-tudo Jarbas Alvarenga, que parou de estudar depois de completar o ensino fundamental. O futuro produtor de moda é, hoje, candidato a vendedor em shopping centers, mas embora se esforce na procura por uma oportunidade, não encontra explicação para a ausência de propostas entre centenas de lojas de roupas que procurou.

Jarbas Alvarenga também lida com os obstáculos da baixa qualificação. No quebra-cabeça do desemprego na Grande BH, o número de vagas ofertadas é maior que a demanda, no entanto, certos perfis de desempregados são, particularmente, difíceis de serem encaixados e demoram um pouco mais para alcançar a recolocação. Para Marlon Mendes, uma questão central que o prejudica é a timidez.

Segundo Hegel Botinha, diretor do Grupo Selpe, empresa especializada em recrutamento de pessoal, profissionais menos qualificados, em geral, ficam mais passivos em relação à formação escolar e, por isso, tendem a ter mais dificuldade em retornar ao mercado. “A princípio, eles recorrem às vias mais tradicionais de busca por uma vaga, principalmente dentro da família. O resultado é um tempo maior de procura”, pondera.

É a situação hoje vivida por Jarbas Alvarenga, que, enquanto não encontra um emprego fixo, ajuda a mãe na microempresa dela. Marlon, por sua vez, continua procurando vagas em lojas de roupa num shopping. Entre as restrições que percebe de seus possíveis empregadores, estão suas primeiras experiências profissionais – operador de caixa de supermercado e auxiliar de dobra numa gráfica.

O coordenador técnico da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) pela Fundação João Pinheiro (FJP), Plínio Campos aconselha como primeiro passo na busca por uma vaga o auxílio das redes de contatos pessoais. Ele afirma que uma boa rede de relacionamentos é a forma mais simples de conseguir uma melhor colocação no mercado de trabalho.

Esgotada a lista, é hora de gastar sola de sapato e visitar empresas em busca de um posto de trabalho, que, muitas vezes, pode resultar num cargo de nível inferior ao esperado e obrigar o candidato a se atualizar do ponto de vista profissional para conseguir alcançar uma oportunidade melhor. E alerta: “Não basta procurar as empresas uma vez por mês. É preciso insistir e fazer visitas constantes”.

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Jarbas Dias Neto, 25 anos


>> Formação: ensino fundamental completo. Foi gari, auxiliar de jardinagem e repositor de mercadorias.
>> Tempo de procura por emprego: três meses.
>> Último cargo: auxiliar de produção.
>> Como busca se recolocar
Depois de distribuir currículos em Sabará,  onde mora, e não receber retorno, Jarbas decidiu ampliar a procura, buscando emprego também na capital. Ele tem que garantir o sustento da esposa e da filha, de 3 anos. Mas, antes de seguir para BH, ele busca vagas na internet e publicou um perfil com suas habilidades numa página especializada na internet. Sem formação técnica, ele já desempenhou funções bem diferentes, de gari a repositor de mercadorias em supermercado. Por isso, preparou sete modelos de currículos diferentes, um para cada vaga pretendida. Nem assim o resultado tem sido satisfatório. Pressionado pelo tempo e as necessidades do dia a dia, Jarbas faz trabalhos eventuais para a empresa da mãe, entregando encomendas, e, em troca, no lugar de dinheiro, recebe alimentos para a família. Na quarta-feira, ele conseguiu fazer um bico na CeasaMinas e ganhou R$ 100, o que garantiu o pagamento de uma parte da dívida de R$ 150 que ele tem com um banco. Passados três meses, no entanto, o desespero bate à porta: “Não posso ficar dependendo de mãe. Tenho que sustentar três bocas e fica difícil para ela”, diz Jarbas.
>> Dificuldades: o entrave para a esperada oportunidade pode ser explicado, entre outros motivos, pela exigência do próprio desempregado, que não quer mudar o ramo de atividade. Uma opção seria buscar emprego na construção civil – setor em crescimento nos últimos anos –, que em decorrência da escassez de mão de obra vem contratando
trabalhadores sem experiência.  


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