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Estado de Minas

Depois da moda nos EUA e na Europa, escolha por carros brancos cresce no Brasil

Onda começou nos carros de luxo, mas já chega aos populares


postado em 15/03/2012 06:00 / atualizado em 15/03/2012 10:48

(foto: Paula Takahashi/EM/D. A Press)
(foto: Paula Takahashi/EM/D. A Press)
Quem procura um táxi em Belo Horizonte não hesita em fazer sinal para o primeiro veículo branco que passa na rua. Pelo menos não hesitava. Atualmente, é cada vez maior o risco de esse carro ser um Kia Sportage, um Chevrolet Cruze LTZ ou até uma BMW modelo X1, veículos que não compõem a frota de quase 6 mil táxis da capital. A moda dos carros brancos, importada da Europa e Estados Unidos, começa a tomar conta das ruas de BH. No início, a cor virou moda só entre os carrões utilitários esportivos, os chamados SUVs. Agora, compactos como o Novo Uno e o Fiat 500 da montadora italiana, Kia Picanto e Nissan March, Livina e Tiida começam a ser vistos com frequência na cor do momento.

Segundo levantamento da Nissan, de setembro até fevereiro, o March branco triplicou sua participação nas vendas do modelo, saindo de 5% para 15%. Em fevereiro, de todos os Livina que saíram das concessionárias brasileiras, 11% eram brancos, percentual que em setembro somava 6%. Enquanto isso, o Sentra da mesma cor, passou a responder por 11% das vendas, contra os 4% anteriores, e o Tiida branco passou de 6,13% para 11,34%. “A participação aumentou, em média, 5% na maioria dos modelos”, calcula o gerente de marketing de produto da Nissan, Tiago Castro. Para atender à crescente demanda e o forte apelo de mercado, a empresa tratou de fazer ajustes na produção. “Inicialmente, tínhamos uma previsão de que essa cor registrasse participação de 5% nas vendas e, já nos lançamentos, essa estimativa foi superada”, conta Tiago.

Desde janeiro, o bancário Renato da Costa Júnior circula com seu March branco e garante que está satisfeito com o veículo, mesmo que uma vez ou outra dê boas risadas com a namorada ao ver alguém dando sinal na rua, o confundindo com um táxi. “Olhei nas outras cores e achei o branco mais bonito. Sem contar que já tive três carros pretos, que esquentavam muito, e procurei o branco para tentar solucionar esse problema”, conta. Ele desembolsou R$ 35.890 pela versão completa, enquanto a básica tem preço mínimo de R$ 26.990. O Livina parte de R$ 43.990 e o Tiida, de R$ 47.790.

Nas concessionárias, modelos brancos, que antes não frequentavam o salão de vendas, dividem espaço com as pinturas tradicionais. A exposição já dá uma ligeira ideia de como a aversão do belo-horizontino à cor dos táxis, está cada vez menor. O mesmo acontece nas propagandas dos veículos, principalmente na televisão. O garoto propaganda do Peugeot 308, Gustavo Kurten, corre para não perder uma jogada na direção de um modelo na cor branca.

Simples e chique

Nas concessionárias Fiat, modelos mais populares como o Novo Uno Sporting também estão sendo vistos com bons olhos pelos consumidores. Na Tecar, o modelo está em destaque na vitrine e, juntamente com o Fiat 500, Pálio Sporting, Freemont e Bravo, são cada vez mais requisitados no branco. “Essa procura começou de um ano para cá e o que antes se limitava aos carros importados, agora chegou a outros segmentos”, afirma o gerente de vendas Shelber Morato. Para levar o Fiat 500 branco para casa, a espera pode chegar a 154 dias. Se o escolhido for na versão branco perolizado, chamado Gioioso, é preciso pagar em torno de R$ 1,3 mil a mais.

Na Hyundai, o custo sobe R$ 5 mil para quem opta pelo branco, diferença que, segundo Antonio Carlos Oliveira, diretor para a América Latina para produtos automotivos da DuPont – líder global em tintas automotivas, é injustificada. “A pintura representa menos de 1,2% do valor final do carro. Não deveria haver essa diferença no preço”, pondera.

Atento ao movimento do mercado, o gerente comercial da Pisa Ford, Antônio Longuinho, conta que já fez pedidos do New Fiesta da cor branca. “Há cerca de dois meses, os clientes começaram a procurar pela cor, que não temos em estoque”, conta. A moda já havia chegado aos carros grandes, mas Longuinho confessa que ainda não tinha arriscado vender a cor para as versões compactas. “Já fiz o pedido e devo receber as unidades em julho”, planeja. O custo é inferior a outras cores, já que a pintura é sólida. “É R$ 1 mil mais barato, saindo a partir de R$ 43,9 mil”, afirma.

BMW lançou tendência em Frankfurt

O branco começou a despontar no setor automotivo há cerca de cinco anos, no salão do automóvel de Frankfurt, na Alemanha. O evento é o mais importante desse mercado e é ali que as novidades e tendências são apresentadas ao mundo. “O branco nunca foi nobre até a BMW lançar uma série de carros na cor”, conta Antonio Carlos Oliveira, diretor para América Latina para produtos automotivos da DuPont. A partir daí, a cor começou a ser associada ao luxo, status e, especialmente, aos carrões de marcas importadas – sobretudo SUVs.

Entre as pioneiras do modismo, a BMW vendeu, em 2007, 82 carros brancos em todo o Brasil, enquanto o preto dominou com 1.301 veículos comercializados. Em 2011, o número de unidades brancas pulou para 5.129 unidades, salto de mais de 62 vezes em apenas quatro anos. Com o resultado, o branco desbancou, pela primeira vez, os agraciados preto (3.865 carros) e prata (1.869). Em 2012, o cenário se mantém e consolida cada vez mais.

Dos 772 veículos vendidos até agora nas três cores mais requisitadas na BMW, 409 saíram da concessionária na cor branca, volume que supera em 12% a soma dos modelos prata e preto. “Para a BMW, a cor branca transmite alguns valores da marca, como sustentabilidade, leveza e sofisticação, além de favorecer o design e as linhas dos veículos”, afirma a empresa em nota.

É justamente esse apelo do mercado global, sempre associando o branco ao luxo, status e até à consciência ambiental, que levou a cor da terceira para a primeira colocação entre as mais requisitadas do mundo entre os compradores de veículos, dividindo a posição com o tradicional prata.

Cada uma soma 22% de participação no mercado (veja quadro). Ainda que não esteja no mesmo patamar mundial, o branco, no Brasil já está presente em 17% dos carros comercializados, percentual que em 2010 era de 13%. Enquanto a cor nobre registrou expansão, o prata e preto perderam, cada um, fatia de 4% na composição total, chegando ao patamar de 30% e 20% respectivamente.

Na Kia Brisa, três modelos brancos estão em destaque: o Sportage, Sorento e Cadenza. “A cada 10 Sportage vendidos, oito são brancos. No caso do Sorento, são seis”, conta o gerente de vendas da concessionária, Iran Célio Pinheiro de Abreu. A paisagista Lucy Marcula e o marido, o gerente de operações Ailton da Costa Silva, reforçaram as estatísticas e fecharam a compra do SUV Sportage branco. “Nunca tive carro branco porque antes era associado à frota de táxis”, conta Lucy que agora está fascinada pela cor. “De repente, se tornou moda. O motivo eu não sei, mas o branco é preferência, principalmente entre as mulheres. Parece que o carro fica mais bonito”, reconhece.

Mas para sair dirigindo um carro como o de Lucy e Ailton, é preciso desembolsar entre R$ 90,9 mil e R$ 118,9 mil. É justamente entre os carros maiores, de luxo e alto luxo que recai a preferência pela coloração mais clara. “Olhamos o Freemont, da Fiat, em todas as cores, mas o branco era indiscutivelmente o mais bonito”, conta a educadora Luciana Coelho ao justificar a escolha da cor com o marido. A opção foi puramente estética já que, segundo ela, dificilmente o carro seria confundido com um táxi. (PT)


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