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Estado de Minas

Regulamentado uso de recursos do FGTS para financiar compra de material de construção

Programa é válido para obras em imóveis de até R$ 500 mil. Crédito deve aquecer consumo e pressionar preços


postado em 11/02/2012 06:00 / atualizado em 11/02/2012 14:52

O inflacionado segmento de serviços vai ganhar mais um empurrão. O governo federal regulamentou a linha de crédito, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para compra de materiais de construção. O crédito é útil para quem planeja começar a reforma, ampliar a casa e também melhorar sistemas para consumo de água e energia. A medida deve impulsionar a produção de matérias-primas e o varejo, mas também pressionar a demanda no disputado mercado dos prestadores de serviços.

Com a nova linha de crédito, a Associação do Comércio de Materias de Construção (Acomac-MG) já estima que o crescimento do setor, inicialmente previsto para 6% alcance 9% em 2012. A resolução do governo vai atingir principalmente a classe média, proprietária de imóveis com valores de até R$ 500 mil, e não exige limite de renda. O crédito é de até R$ 20 mil por pessoa, com taxa de juros de 12% ao ano e prazo de pagamento de até 120 meses. Segundo pesquisa do Conselho Curador do FGTS, a taxa média praticada nas instituições financeiras varia entre 23% e 56% ao ano. A preocupação é de que o fôlego extra ao segmento esquente a demanda já pressionada do setor de serviços, como pedreiros, pintores e marcineiros.

 Para se ter ideia, a inflação dessa mão de obra, medida pelo IBGE, fechou 2011 em 9,56% no país e 14,2% na Região Metropolitana de Belo Horizonte, índice bem superior ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que de janeiro a dezembro acumulou alta de 6,5%. “A medida pode inflacionar ainda mais a mão de obra e elevar preços dos materiais de construção. O melhor seria se o trabalhador pudesse aplicar esse recurso livremente. Para se educar, por exemplo”, criticou Cláudio Shikida, coordenador do Núcleo de Estudos de Política Monetária do Ibmec.

A expectativa é de que os valores comecem a ser liberados em 30 dias. Em um primeiro momento serão R$ 300 milhões que podem chegar a R$ 1 bilhão. De fato, a linha de crédito deve animar milhares de brasileiros, como o professor Alexandre Utsch, a iniciar uma reforma. Ele pretende fechar a varanda de sua casa, trocar o piso e reformular a cozinha. “Se realmente tiver taxas subsidiadas pelo FGTS, a medida é positiva porque contribui também para injetar recursos na economia”, comentou Alexandre, que já planeja ser um dos candidatos à linha de crédito.

Efeito positivo O presidente da Acomac-MG, Rui Fidélis Júnior, comentou que o financiamento para material de construção vai permitir que o consumidor reduza seu endividamento. “Os recursos vão contribuir para levantar o consumo, que foi freado nos últimos meses.”

Miguel José de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), aponta que melhor seria se o consumidor pudesse sacar os recursos definindo ele próprio onde utilizá-los. Ainda assim, o especialista destaca que a linha de crédito traz a boa combinação de juros baixos com prazos longos e deve gerar uma competição entre os bancos. “O produto pode entrar em choque com linhas de alguns bancos, mas resta às instituições emprestar e ganhar alguma coisa ou não conceder o crédito e não ganhar nada.” O financiamento deve competir com produtos como o Construcard, da Caixa Econômica Federal, que exige um imóvel como garantia.

O crédito pode ser contratado também para construção, instalação de hidrômetros de medição individual e de sistemas de aquecimento solar. A consultora do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduiscon-MG) Henriqueta Arantes aponta que o governo deve atingir seu objetivo de reciclar imóveis para o melhor aproveitamento de água e energia. “O alvo é apopulação de renda média, porque a de baixa renda já conta com linhas específicas de crédito”, lembrou a especialista. A Região Sudeste vai levar 42,5% dos recursos, seguida pelas regiões Nordeste (28,2%), Sul (11,2%), Norte (9,68%) e Centro-Oeste (8,37%).


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