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Estado de Minas

Empurrãozinho ao ágio

Analistas avaliam que a possibilidade de socorro do governo federal em caso de fracasso motivou as propostas com valores bem acima do previsto na licitação dos aeroportos


postado em 08/02/2012 06:00 / atualizado em 08/02/2012 06:47

Brasília – O surpreendente ágio de 348% pago pelos consórcios que arremataram os aeroportos de Guarulhos (SP), Brasília e Campinas (SP), na segunda-feira, pode ter sido estimulado pela expectativa velada dos investidores de que um possível fracasso nos negócios receberá o socorro do governo federal. A pesada participação do Estado na operação reforçou a desconfiança de analistas ouvidos pelo Estado de Minas em torno da capacida de essas empresas cumprirem as exigências dos contratos. Embora sejam vistas como portadoras de alguma experiência, as companhias são lembradas pelos tropeços, como no caso da argentina Corporación América, administradora de mais de 30 terminais na Argentina e com um histórico de problemas em privatizações. A operadora se associou à Engevix e controlará o terminal Juscelino Kubitschek, em Brasília.

As outorgas dos três aeroportos somaram R$ 24,53 bilhões e serão pagas em parcelas, pelo prazo das concessões, que vão de 20 a 30 anos. Do total, 80% poderão ser financiados no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), dona dos terminais atualmente, continuará sendo a proprietária de 49% das concessões. Arcará, portanto, com parte dos investimentos prometidos para os próximos anos e ainda manterá os custos da mão de obra atual, formada pelos servidores da companhia.

O grupo Invepar-ACSA, que garantiu a exploração de Guarulhos e pagará R$ 16,2 bilhões pelo direito, por sua vez, é composto em 90% pelos fundos de pensão das estatais Banco do Brasil (Previ), Caixa Econômica Federal (Funcef) e Petrobras (Petros). “Mesmo com toda essa mãozinha, a expectativa é de que se não for bem, o governo socorre”, afirmou um analista.

Patinho feio

Para o professor da Universidade de Brasília e ex-presidente da Infraero Adyr da Silva, os estímulos são necessários para atrair a iniciativa privada para um investimento de alto risco e baixo retorno. “O amadorismo dos órgãos públicos levou esse setor a virar o patinho feio da privatização”, alfinetou. Amaryllis Romano, sócia da Consultoria Tendências, lembra que a própria dinâmica das obras reduz o apetite dos investidores. “Além do financiamento da concessão, ainda há o capital de giro. Os juros são altos e a maturação do investimento é demorada.”, comentou.

Adyr Silva chamou a atenção para o fato de outros consórcios não terem feito propostas mais agressivas, acima de seus valores iniciais. “Algumas empresas brasileiras que estão sempre nos leilões, por exemplo, não embarcaram em um risco acima do calculado. Administradores de aeroportos internacionais, como Cingapura e Zurique, também não entraram na jogada com tanto afinco. Se compararmos os perfis desses agentes com os vencedores, veremos que há uma enorme diferença”, destacou.

Parte do mercado financeiro aprovou a atuação dos consórcios que abandonaram a disputa depois que entraram em jogo as propostas com ágio mais alto. Stephen Trent, analista da Citi Corretora, avaliou que “prevaleceu a disciplina do capital”. Trent destacou que o lance da CCR e da Zurique foi 54% inferior ao vencedor em Guarulhos, enquanto a oferta da Asur e da Advent ficou em patamar semelhante. “Estamos satisfeitos que as empresas cobertas pelo Citi tenham apresentado disciplina financeira”, afirmou Trent.


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