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Estado de Minas

Grupo argentino no controle da Usiminas

Ternium assume 27,7% das ações da siderúrgica mineira e deve indicar hoje um executivo para presidir a empresa


postado em 17/01/2012 06:00 / atualizado em 17/01/2012 06:43

Usina em Ipatinga integra sistema com capacidade para produzir 9,5 milhões de toneladas de aço por ano(foto: Daniel Mansur/Divulgação %u2013 4/1/10)
Usina em Ipatinga integra sistema com capacidade para produzir 9,5 milhões de toneladas de aço por ano (foto: Daniel Mansur/Divulgação %u2013 4/1/10)

 

A argentina Ternium, fabricante de aço do grupo ítalo-argentino Techint, assumiu nessa segunda-feira o controle de 27,7% das ações ordinárias (ON) da Usiminas. O novo acordo de acionistas vai ser oficializado hoje na reunião do Conselho de Administração da Usiminas, que deve anunciar também a troca no comando executivo da siderúrgica. A empresa, segundo a Ternium, deverá ser presidida a partir de agora pelo argentino Julián Eguren, diretor-geral das operações da América do Norte e presidente-executivo da Ternium México. Diante das negociações, os papéis da empresa tiveram ganho na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ações ON subiram 0,29% e as preferênciais, 1,64%.

A troca de cadeiras no alto comando da siderúrgica, ocupado desde abril de 2010 por Wilson Nélio Brumer, é vista pelo mercado como mudança na trajetória operacional. É aguardada uma gestão de prazo mais longo, em função da experiência e idade do executivo, que tem 48 anos. “E vai ser uma nova oportunidade de a Usiminas mudar a gestão operacional, que não foi feita no comando anterior”, afirma Daniela Maia, analista de siderurgia e mineração da Ativa Corretora. Ela destaca a ênfase da empresa em divulgar a autossuficiência em minério de ferro e energia elétrica, mas sem deixar claro o que poderia ser feito para melhorar a produtividade.

O grupo Techint, por meio de empresas controladas, desembolsará R$ 5 bilhões por ações que pertenciam à Votorantim e Camargo Corrêa, o bloco V/C, e do Clube dos Empregados, o CEU. A Usiminas também tem consolidada a participação do Grupo Nippon, liderado pela Nippon Steel Corporation, que passa a ter 29,45% do total de ações ordinárias da empresa. Integra também o bloco de controle a Caixa dos Empregados da Usiminas, com 6,75% do total de ações ordinárias.

Julián Eguren trabalha desde 1987 na organização Techint, onde ocupou vários cargos. “É um profissional muito testado e há sinalização que deve ficar muito tempo à frente do grupo. A influência dos acionistas da Ternium e do Nippon deve crescer no dia a dia da Usiminas. Antes a interferência acontecia no Conselho de Administração. Agora tende a ficar também na diretoria executiva”, observou outro analista, que preferiu não se identificar.

A expectativa do mercado é que a Nippon Steel dê um voto de confiança aos argentinos no comando da Usiminas, já que uma boa parceria dos japoneses com os argentinos já ocorre no México. Com capacidade de produção de 6,8 milhões de toneladas de aço bruto ao ano (planos e longos) e de laminação de quase 10 milhões de toneladas, a Ternium obteve receita líquida de US$ 7,4 bilhões em 2010. A Usiminas tem capacidade de produzir 9,5 milhões de toneladas por ano. “A entrada da Ternium na Usiminas ainda é uma incógnita. A expectativa é de que a siderúrgica mude sua trajetória nos próximos meses, mas a produção ainda depende do mercado nacional. Aí fica mais difícil fazer mudanças”, afirma Daniela.

O acordo  Para aumentar sua participação de 27,76% para 29,45% do total de ações ordinárias da Usiminas, o grupo Nippon adquiriu 1,69% das ações ordinárias da Caixa dos Empregados. Já a participação de 27,66% do grupo Ternium/Tenaris é composta também por participação da Caixa dos Empregados e pela participação total do grupo Camargo Corrêa/Votorantim, que, com isso, não mais integra a composição acionária da Usiminas.

Foco nos custos e na valorização

 

Na Presidência da Usiminas desde abril de 2010, Wilson Brumer usou a habilidade de conciliador e a experiência em gestão não só na iniciativa privada como nos tempos de secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais para vencer a crise aberta internamente com os empregados pelo antecessor Marco Antônio Castello Branco. Depois de fazer alguns movimentos de reestruturação do comando da siderúrgica vem conduzindo projetos de modernização tecnológica e programas visando a uma forte redução de custos. Nessa linha, defendeu investimentos para levar a empresa à autossuficiência em insumos caros como minério de ferro e energia, mas os resultados não foram ainda o bastante para refletir no balanço que os acionistas esperam.

 O acerto mais evidente da gestão de Brumer estaria na criação da Mineração Usiminas, em sociedade com o grupo japonês Sumitomo Metals. Os números do último balanço, do terceiro trimestre de 2011, no entanto, embora acima das expectativas dos analistas do setor, mostraram um lucro líquido (de R$ 154 milhões) 70% inferior ao registrado entre julho e setembro de 2010. Brumer admitiu que a performance ficou aquém do que gostaria e do que o mercado quer, mas insistiu em que todo o esforço está sendo feito para valorizar os ativos da Usiminas.

 Além dos reflexos sobre toda a siderurgia brasileira do avanço do aço importado, a companhia mineira, maior produtora de aços planos da América Latina, uma das poucas que ainda pareciam a salvo da concentração do setor no mundo, viveu no último ano uma campanha agressiva da rival Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). (Marta Vieira)


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