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Estado de Minas

Chuva provoca desabastecimento de hortifrutigranjeiros

Além de derrubar a qualidade e inflar os preços dos hortifrutigranjeiros, com a redução na oferta, temporada das águas começa a tirar produtos das gôndolas, nas ruas e nos sacolões


postado em 13/01/2012 06:00 / atualizado em 13/01/2012 06:37

Que São Pedro foi impiedoso com os mineiros no começo do ano não resta dúvida. O excesso de chuva nas últimas semanas devastou cidades, vitimou famílias e destruiu quilômetros de estradas. Na esteira dos prejuízos, o bolso do consumidor: o preço de hortaliças, legumes e frutas deu um salto, refletindo a destruição de lavouras. Para piorar, não bastasse o custo mais alto, começa um período de escassez de produtos, com o desaparecimento de alguns legumes e verduras de sacolões e feiras, o que eleva ainda mais os preços nos estabelecimentos onde eles ainda podem ser encontrados. Abrindo a lista de ausências vêm pepino, abobrinha italiana, quiabo, mandioca e jiló, enquanto as principais folhas verdes – alface, rúcula, couve e espinafre – só são encontradas quando trazidas do interior de São Paulo.

A lista de pedidos do gerente do sacolão Abastecer Carlos Alberto Oliveira, ontem, recebeu marcas vermelhas diante de vários produtos. É a cor usada para marcar os itens que ele não conseguiu encomendar. Outros pedidos precisaram ficar menores que o habitual. Ao ligar esta semana para os fornecedores, o gerente foi surpreendido pela falta de legumes. A explicação é que as plantações foram devastadas. “Se a chuva não der uma trégua, outros produtos também podem faltar”, afirma o gerente.

Quatro vezes por semana, a feirante Maria da Conceição Rocha faz negócios em sua barraca, cada dia em um bairro diferente. Mas, para conseguir comparecer às feiras livres, em períodos de chuva forte é preciso trabalho árduo para preencher as gôndolas. “Tenho que correr atrás de quem deu sorte de colher nesta época”, afirma Maria, ressaltando que o aumento da demanda também significa aumento de preços. Apesar de vender os produtos plantados por uma cooperativa de que é membro, ela diz que a maior parte das verduras e legumes se perdeu. “Começa a chover e as verduras acabam. Este ano foi pior. Tem dia que o brócolis está com mau cheiro, de tanta lama, e vai direto para o lixo. O resto eu só vendo para manter a clientela, pois os lucros diminuem muito”, diz.

Uma série de motivos justificam o sumiço temporário: solo encharcado, excesso de fungos e pragas e redução da área plantada. Além disso, em alguns casos, como quiabo e jiló, é até possível colher, mas os legumes estão “melados” e logo são descartados. As mais sensíveis são as folhas verdes, que não resistem aos temporais. Sua perda é inevitável, com exceção apenas para itens produzidos em estufas – muito mais caros. Com isso, para evitar o desabastecimento, feirantes são obrigados a encomendar de São Paulo, o que encarece o produto, já que é preciso pagar frete, pedágio e outros custos relacionados à logística.

Peso de ouro

Dalvanir Pereira estranhou algumas bancas vazias no sacolão que frequenta:
Dalvanir Pereira estranhou algumas bancas vazias no sacolão que frequenta: "O almoço vai ser com o que tiver"
O coordenador da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Pierre dos Santos Vilela, afirma que alguns produtos “desaparecem” no período de chuvas e “o que se colhe vale ouro”. Segundo ele, muitos preferem deixar de plantar ou, quando o fazem, conseguem colher apenas uma a cada duas sementes. Outra solução é aplicar altas doses de agrotóxicos, o que encarece a produção e pode até tornar o produto inviável para consumo.

A dona de casa Dalvanir Pereira foi surpreendida pela falta de vários produtos ontem. O cenário é bem diferente do que ela está acostumada a encontrar. “Está vazio. Esse sacolão está sempre cheio. A gente acha de tudo. Mas hoje não tem muita escolha. O almoço vai ser com o que tiver”, disse.


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