(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

BC dá mostra de ter crédito

Banco Central revela disposição para evitar falta de dólar no mercado e para socorrer quem atua no comércio exterior


postado em 16/12/2011 06:00 / atualizado em 16/12/2011 06:36

Brasília – O Banco Central voltou a intervir no mercado de câmbio, pondo dólares à venda com o compromisso de recomprá-los em 2012. A intenção era aumentar o volume de moeda norte-americana em circulação, derrubando seu valor, e abastecer exportadores e importadores com linhas de crédito necessárias a seus negócios. Porém, ao término do leilão, o BC havia recusado todas as propostas de compra. Para operadores do segmento, a autoridade monetária deu, mesmo de maneira velada, um forte sinal de que os investidores não estão livres “para operar para o lado que bem entenderem”. Além disso, deixou a impressão de que há um limite extraoficial para a cotação, entre R$ 1,70 e R$ 1,90, apesar das negativas oficiais de que a equipe econômica tenha uma banda de flutuação em mente.

Medida semelhante a essa havia sido adotada em abril de 2009, no auge da crise financeira provocada pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, quando as linhas de crédito externas desapareceram, afetando sobretudo as companhias que atuavam no comércio exterior. Naquela época, o BC vendeu dólares também com o compromisso de recomprá-los em 180 dias. No leilão dessa quinta-feira, o prazo máximo foi de 60 dias. Na visão da economista Zeina Latif, os sinais de que o crédito está sumindo estão por todos os lados. Com a iniciativa, o BC teve mais o objetivo de mostrar que não vai se omitir diante da situação do que efetivamente desaguar dólares no mercado.

“Ele avisou que se necessário estará lá para fazer o mercado funcionar”, avaliou. “Mas, quando viu as propostas das instituições, achou desnecessário continuar com a aquela política”, observou Zeina. A posição das instituições, de certa maneira, também confirmou as afirmações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que não há falta de dólares apesar do encarecimento das linhas de crédito internacionais.

Segundo uma fonte que acompanhou a operação, o BC recusou as propostas por considerá-las fora da realidade. Avaliou que nenhuma delas oferecia um “preço justo” e que, por isso, o mercado não necessitava realmente de mais liquidez. Tal disparidade entre o que o BC e o que mercado queria, para Alfredo Barbutti, economista-chefe da corretora BGC Liquidez, deixa dúvidas se a falta de dólares no mercado realmente é tão intensa como se tem propalado nas mesas de operação. “O surpreendente foi que o BC não voltou a repetir o leilão para que os preços pudessem se enquadrar e, mesmo assim, o mercado funcionou normalmente, como se não houvesse escassez de dólares”, ponderou Barbutti. Para ele, o BC “mostrou a espada e disse que vai cortar as asas de quem voar livre demais”.

Venda

A venda de dólares por parte do BC foi anunciada nessa quinta-feira por volta das 10h30. Cerca de 30 minutos depois dois leilões tiveram início, no primeiro o prazo de recompra era de 30 dias, no segundo, de 59 dias. Às 11h40 a última proposta foi recebida e, alguns minutos depois, após análise da área técnica da autoridade monetária, todas foram recusadas. Enquanto os leilões estavam em andamento, o dólar entrou em queda e derreteu 1,01%. Até o fim do pregão a tendência da cotação não se reverteu e a moeda norte-americana fechou o dia com queda de 0,70%, cotada a R$ 1,860 na venda.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)