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Estado de Minas

País vizinho rouba mentes brilhantes do Brasil

Empresas hi-tech iniciantes do país e de Minas fogem da burocracia para usufruir incentivos oferecidos pelo Chile


postado em 14/10/2011 06:00 / atualizado em 14/10/2011 06:27

Na falta de incentivos concretos, promissoras startups brasileiras estão fazendo as malas em busca de melhores oportunidades em outros solos. E se engana quem pensa que o destino das companhias é o Vale do Silício, nos Estados Unidos, tradicional polo para empresas do tipo. O vizinho Chile desenvolve projeto de incentivo para atrair esses empreendimentos hi-tech – na próxima edição do programa Startup Chile, cinco companhias brasileiras se mudam, por seis meses, para Santiago. “Se vamos voltar depois, ainda não sabemos. Mas precisamos fechar as operações no Brasil, onde não há incentivos suficientes, para ir para lá”, conta Bernardo Porto, diretor da Deskmetrics, mineira listada entre as mais promissoras do planeta em vários rankings internacionais especializados.

A empresa brasileira, que desenvolve produto de mesmo nome para que corporações monitorem a utilização de programas de computador, baixa as portas do escritório em Belo Horizonte atraída pelos investimentos chilenos de US$ 40 mil em equity free. Isso significa que a empresa que se muda para Santiago temporariamente, selecionada no programa, investe o valor e o governo retorna todo esse investimento. A Deskmetrics é uma das cinco companhias brasileiras que vai para o Chile em janeiro. Foi selecionada entre 26 inscritas.

“O Brasil cresce com potencial absurdo e deixa a burocracia que temos e a falta de incentivos levar startups daqui para outros países quando, na verdade, o Brasil tinha era tudo para atrair e fazer o mesmo”, alfineta Porto. Ele sinaliza que fundos de investimento para inovação e incubadoras ligadas a universidades, existentes no país, não são suficientes: “Não basta dar dinheiro. Empreendedor não se motiva por ele. O importante é criar ambiente favorável para o negócio dar certo”.

Os entraves para jovens empresas com apelo global – como é o caso da Deskmetrics, que tem 90% dos clientes fora do Brasil – são muitos. Segundo Felipe Matos, do Instituto Inovação, grupo de empresas de investimento e consultoria para startups, no Brasil paga-se mais impostos, há mais burocraria e dificuldades. “Para uma startup brasileira receber investimentos de investidores estrangeiros por exemplo, o processo é complexo, demorado e dispendioso em impostos. Empresas que querem ser globais e terem clientes de fora do Brasil têm dificuldades em cobrar em moeda estrangeira. Trazer esse dinheiro para o Brasil é mais caro (pelos impostos) e dispendioso”.

Matos lembra que abrir uma empresa aqui leva três meses ou mais. Nos EUA, o processo é feito em dias, com muito menos burocracia. Os impostos também são menores e mais simples. “Acabamos perdendo competitividade e – nesse caso – as próprias empresas, que acabam se mudando”, diz.

Metas

O piloto do programa chileno foi criado em 2010, mas o primeio grupo de empresas selecionadas começou a funcionar em Santiago este ano. A ambição delineia a meta do governo: atrair 1 mil empreendedores até 2014 e transformar o país em centro de inovação na Améria Latina. Este ano, foram mais de 650 inscrições. “Precisávamos importar talentos internacionais para dar o pontapé inicial desse ecossistema de empreendimentos focados globalmente”, conta Brenna Loury, diretora de comunicação do Startup Chile.

“Essa agilidade do governo chileno no programa Startup Chile tem sido um grande diferencial em relação aos programas de fomento brasileiros”, pondera Matos. “O empreendedor precisa seguir o plano que fez um ano atrás, quando muitas vezes o mercado mudou e exige outro tipo de investimento.”

 

Visibilidade é potencializada

 

Ronaldo Bahia, de Sete Lagoas, na Região Central de Minas, diretor executivo da JobCorvo, empresa que participa atualmente do programa chileno, conta que a estada no país vizinho é porta aberta para o mundo. “O programa coloca os seus negócios de cara para o resto do planeta. Hoje temos base de potenciais clientes na Dinamarca, Colômbia, EUA e Rússia”, diz o empreededor da plataforma on-line para entrevistas de emprego em vídeo.

Natália Monteiro, outra brasileira que está atualmente em Santiago, conta que a colaboração entre as companhias é incentivo incomparável. “Descobrimos no programa outras duas empresas que têm o mesmo mercado-alvo e também estão voltadas para educação digital. Há dois meses nos juntamos e estamos entrando no mercado chileno de forma mais integrada e, com certeza, mais fortalecida”. A startup de Natália é o Zuggi, o primeiro buscador da América Latina para crianças, capaz de filtrar conteúdos inadequados que existem na internet, dando liberdade e direcionamento para os pequenos realizarem suas pesquisas on-line.

De malas feitas para o Chile, os sócios Israel Nacaxe e Manuel Guimarães, da GPMX, plataforma para engajamento e fidelização de consumidores on-line, conta que o objetivo é basear a pesquisa e desenvolvimento da empresa no Chile: “Vemos isso como plataforma para internacionalização do negócio. O cenário de burocracia na América Latina é mais ou menos o mesmo. Mas o Chile apareceu como oportunidade para a gente evoluir mais rapidamente, a custos menores”.


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